OPINIÃO

Como quebrar sem luta a resistência do inimigo

Equilíbrio, eis o estado de movimento e força que se deseja neste momento da vida nacional

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OTÁVIO SANTANA DO RÊGO BARROS

Publicado em 14/05/2022 às 10:11
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O saudoso Coronel Schumann, mestre das aulas de física e decano da Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), nos idos de 1975, tinha um hábito pitoresco de nos cumprimentar com duas máximas, como se fora um bom dia:

- Alunos! Tudo depende do referencial. Um carro pode parecer parado, mesmo deslocando-se a 300 km/h, quando observado de um ponto que se desloca, em rota paralela, no mesmo sentido e na mesma velocidade.
- Alunos! A toda ação corresponde uma reação de igual intensidade e sentido contrário.

Se você empurrar um gigantesco bloco de concreto, ele não sairá do lugar, mas você, sem perceber, sofrerá
sobre seu corpo a mesma força que aplicou sobre a pedra. Já se vão quase cinquenta anos do meu primeiro ano científico e o velho professor continua sendo uma referência saudável para encarar a vida. Ponto de vista e Ação.

O leitor pode estar perguntando a razão para o articulista tratar de física mecânica agora? Afinal hoje é
sábado, dia de praia, água de coco e descanso. Mecânica é um ramo da física que estuda o comportamento dos sistemas (os equilíbrios e os movimentos dos corpos) quando submetidos à ação de uma ou mais
forças.

Equilíbrio, eis o estado de movimento e força que se deseja neste momento da vida nacional. Entretanto, há
agentes de poderes que se digladiam, semana sim, outra também, desordenando o ambiente.

Dos assuntos prediletos, o sistema eleitoral e suas ferramentas que vêm gerando farpas verbais entre autoridades, transmitidas à miúde em cadeia nacional, e mantendo no octógono da opinião pública o tema sob holofote. Parece tratar-se de uma batalha, na qual a suprema vitória será revelada pela completa destruição do inimigo. “Guerrear e conquistar, em qualquer batalha, não é o que há de melhor, mas sim quebrar sem luta a resistência do inimigo” (Sun Tzu).

Por anos exerci funções que demandavam decidir sobre os processos comunicacionais em tempos de crise.
Como primeira lição ficou a certeza de que uma crise de imagem se retroalimenta com declarações impensadas e se extingue pelo silêncio da instituição afetada, quando há argumentos sustentáveis e clareza na comunicação.

Um gerente de crise habilidoso sabe tirar da primeira página a empresa e o assunto. A sociedade está cansada, ansiosa e até amedrontada. É hora de lembrar-se do mestre Schumann.

Paz e bem!

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