OPINIÃO

"Só quando estamos unidos, o Espírito Santo nos vem".

Não podemos compreender este "nós estaremos", como se referindo apenas às pessoas de nossa comunidade, ou da nossa Igreja.

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DOM FERNANDO SABURIDO

Publicado em 30/05/2022 às 11:02 | Atualizado em 30/05/2022 às 11:04
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Na festa de Pentecostes que celebraremos no domingo, 05 de junho, muitas comunidades cantam uma música que diz: “Estaremos aqui reunidos, como estavam em Jerusalém, pois só quando estamos unidos, é que o Espírito Santo nos vem”.

Não podemos compreender este “nós estaremos”, como se referindo apenas às pessoas de nossa comunidade, ou da nossa Igreja. Conforme os Atos dos Apóstolos, no primeiro Pentecostes cristão, pessoas que tinham vindo de todo o mundo conhecido na época para a festa em Jerusalém, estavam reunidas no mesmo lugar e, ao receberem o Espírito Santo, cada pessoa ouvia na sua própria língua a palavra dos apóstolos contanto as maravilhas de Deus (At 2).

Por saber disso, há mais de cem anos, o papa Leão XIII propôs que a novena do Espírito Santo que, a cada ano, prepara a festa de Pentecostes, seja dedicada à oração pela unidade das Igrejas cristãs. Atualmente, no Brasil, os eventos da Semana da Unidade são coordenados pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC) e, neste ano, os subsídios para todo o Brasil foram preparados por irmãos do Agreste de Pernambuco.

Mundialmente, o tema escolhido este ano é a palavra: Vimos o seu astro no Oriente e viemos prestar-lhe homenagem” (Mt 2, 2). Recorda o relato da peregrinação dos magos a Belém, quando Jesus nasceu e atualiza para nós este mistério. Chama todos nós a olharmos os sinais de Deus na universalidade da fé e a caminharmos juntos para o Cristo que nos reúne.

Durante esta semana, o lecionário litúrgico nos faz retomar a oração que, conforme o quarto evangelho, Jesus fez durante a última ceia. Nesta prece de caráter eucarístico, Jesus entrega ao Pai toda a sua vida, na qual fez muitos sinais de cura e salvação. Agora, na hora em que iria se entregar aos inimigos, Ele pede aos discípulos que continuem a sua missão e privilegiem um sinal: o da unidade. Ele disse: “Nisso, todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 35). Nesta oração, feita logo após cear, Jesus pede que o Pai realize em nós esta graça da unidade visível. De fato, a unidade é dom de Deus. Que o Espírito de Deus venha sobre a nossa Igreja e todas as Igrejas cristãs. Que nos torne a todos testemunhas de que a unidade das Igrejas é, como nos ensinou o Concílio Vaticano II, a vontade do Pai (Unitatis Redintegratio 1). Que Ele nos confirme que esta unidade é fundamental para construirmos a unidade da humanidade, como o papa Francisco propõe: “Sonhamos com uma única humanidade, como caminhantes da mesma carne humana, como filhos da mesma terra, que nos abriga a todos, cada qual com a riqueza da sua fé ou das suas convicções, cada qual com a própria voz, mas todos irmãos” (Fratelli Tutti, 8).


Dom Antônio Fernando Saburido, OSB
Arcebispo de Olinda e Recife

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