OPINIÃO

Mais brasileiros estão deixando o país para viver no exterior

Infelizmente, por razões opostas às que trouxeram seus ancestrais para o País, milhares de brasileiros deixaram ou pretendem deixar o Brasil. Falta emprego, sobra violência; falta esperança, sobram desilusões; falta ética, sobra corrupção; faltam lideranças que nos guiem...

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JORGE JATOBÁ

Publicado em 12/07/2022 às 12:10
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O Brasil, como os demais países das Américas, recebeu grandes contingentes de imigrantes
que contribuíram para a sua formação, cultura e riqueza. Parte significativa da nossa história
foi construída por imigrantes vindos de todos os rincões do planeta que viram no Brasil uma
terra de oportunidades.
Infelizmente, por razões opostas às que trouxeram seus ancestrais para o País, milhares de
brasileiros deixaram ou pretendem deixar o Brasil. Falta emprego, sobra violência; falta
esperança, sobram desilusões; falta ética, sobra corrupção; faltam lideranças que nos guiem,
sobram oportunistas que nos desorientam; falta igualdade de oportunidades, sobra
desigualdade. Entre os que mais saem ou que pretendem sair, prevalecem os jovens e os
mais qualificados movidos pela esperança de dias melhores para eles, elas e seus
descendentes. Uma enorme perda de recursos humanos, de talento, de energia inovadora.
Triste cenário que se agrava com qualquer que seja o resultado das eleições que se
avizinham. Um país polarizado, dividido, preso entre a alternativa de continuar com um
pesadelo que se abateu sobre nós desde 2019 e a possibilidade de mergulhar novamente no
obscurantismo de pautas exauridas pelo tempo.
Os números da diáspora brasileira são contundentes. Entre 2012 e 2020, o número de
brasileiros no exterior subiu de 1,9 milhão para 4,2 milhões, um crescimento de 122%.
Foram movidos pela desesperança, pelo desespero de não poder visualizar dias melhores.
Uma saída dolorosa que deixa para trás parte da família, amigos e muitas estórias E não
migra por falta de amor ao País, mas por falta de esperança, a última que morre. Pesquisa
Datafolha de 2018, indicou que 70 milhões de brasileiros maiores de 16 anos sairiam do
País, se pudessem. No recorte por qualificação, 56% do grupo tinha curso superior.
Levantamento do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas no ano de 2021
indicou que 47% dos brasileiros entre 15 e 29 anos gostariam, se possível, deixar o País.
Esses percentuais vêm crescendo desde 2014 quando enfrentamos dois anos de recessão
(2015-2016), três anos (2017-2019) de crescimento econômico medíocre (em torno de
1,0%), e o severo impacto socioeconômico dos anos de pandemia (2020-2021). Não apenas
trabalhadores estão migrando, um segmento do empresariado também, junto com suas
famílias. Eles também estão se desesperançando.
Na verdade, problemas conjunturais se sobrepuseram a outros de natureza estrutural que
nós não estamos sendo capazes de resolver por meio das nossas políticas e instituições.
As elites, a política entre outras, são também responsáveis por essa diáspora porque à falta
de oportunidades de progresso para a maioria dos brasileiros, se soma uma crescente
frustração com a incapacidade de nossas lideranças de transformar novamente o Brasil em
uma terra de oportunidades. Morreu a esperança?

Jorge Jatobá, economista

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