OPINIÃO

Artigo: O que o eleitor precisa entender nessas eleições

Entender, por exemplo, o que os candidatos podem e o que não podem fazer para ganhar a adesão dos eleitores. Podem usar os recursos do mandato que porventura exerçam no Legislativo, por exemplo, para fazer atos de campanha?

PRISCILA LAPA
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Publicado em 01/08/2022 às 0:00 | Atualizado em 01/08/2022 às 7:41
FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM
Segundo o MPPE, o descumprimento da determinação judicial implicará em aplicação de multa pesada e crime de desobediência eleitoral, conforme o Artigo 347 do Código Eleitoral - FOTO: FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM
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Por Priscila Lapa

Primeiro desafio: entender por que existe um calendário eleitoral que determina o início das campanhas, se há tempo os candidatos estão pelas ruas, realizando eventos que não têm outra finalidade que não seja a conquista de votos e adesões.

Muitas vezes, investidos em cargos públicos e contando com a máquina estatal como principal aliada, os “pré-candidatos” prestam contas das suas ações, atacam os adversários (alguns deles aproveitam para atacar também as instituições democráticas) e sorriem e acenam em palanques repletos de apoiadores e símbolos para marcar a sua identidade. Não, mas a campanha oficial ainda não começou.

Segundo desafio: entender o que os candidatos podem e o que não podem fazer para ganhar a adesão dos eleitores. Podem usar os recursos do mandato que porventura exerçam no Legislativo, por exemplo, para fazer atos de campanha?

Podem deixar de cumprir a agenda legislativa para comparecer a eventos com finalidade eleitoral? Oficialmente não, mas grande parte faz e quem deve fiscalizar finge que não vê. Podem, no Executivo, manobrar o orçamento para irrigar programas que potencializam a popularidade do mandatário? Depende, mas na era do “pode tudo”, por que não?

Terceiro desafio: interpretar o contexto político, com todas variáveis em jogo - administrativas, políticas, econômicas, legislativas, jurídicas, relacionais. Pesquisas dizem isso e aquilo outro.

Falam que os gestores públicos estão mal avaliados, que o eleitor quer mudança, apontam as disfuncionalidades das instituições na ótica do cidadão. Gestores públicos tomam medidas, apresentam-se como heróis, falam que os adversários e as instituições não os deixam governar.

Legisladores mal falam com a população sobre o que verdadeiramente a interessa, mas enchem as redes de conteúdos sobre o julgam importante para sua reputação pública. Preços sobem, desemprego aumenta, algumas melhorias em indicadores apontam dias melhores, mas de fato, concretamente, o trabalhador não sabe exatamente o que esperar para o dia de amanhã.

Quarto desafio: escolher os seus candidatos, mas sem esquecer que as condições já estão sacramentadas por uma grande narrativa de polarização.

Ou seja, ao escolher, há uma opção implícita em ser bolsonarista ou lulista, ainda que, muitas vezes, as pessoas não se identifiquem nem com uma coisa nem com a outra. Quais critérios adotar? O que descartar? Como se manter são, equilibrado, ponderado, ainda que se queira participar de um debate público?

Quinto desafio: passadas as eleições, voltar à sua condição de cidadão que simplesmente exerce seus papéis sociais e, quando lhe convém, opina, avalia, reclama, elogia os seus representantes políticos.

Mal sabe ele que novo período eleitoral vem na sequência, sem uma data definida para começar. Na verdade, os palanques que nunca desmontam acompanham a vida do eleitor, mesmo daquele que diz querer distância da política.

Priscila Lapa, cientista política.

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