OPINIÃO

Empresas familiares precisam de um estilo do governança diferenciado

A implantação dos sistemas de GC e de GF é uma medida valiosa para a preservação da EF, pois não só reduz as diferenças de informações, como, também, proporciona alinhamento e coesão entre as partes.

CLÁUDIO SÁ LEITÃO
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CLÁUDIO SÁ LEITÃO
Publicado em 02/09/2022 às 0:00 | Atualizado em 02/09/2022 às 15:53
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O BID ao Cubo Norte-Nordeste já fomentou 55 startups desde a sua primeira edição, em 2020 - FOTO: HEADWAY/UNSPLASH
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As empresas familiares (EF) possuem uma enorme representatividade nas economias brasileira e mundial. Por isso, as EF necessitam de um modelo de governança diferenciada, que una as estruturas de governança corporativa (GC) e as estruturas de governança familiar (GF). O modelo dos três círculos (three circles model), concebido na década de 1970, por John Davis e Renato Tagiuri, ajuda a compreender os desafios das EF e os fatores de risco que podem impactar a sobrevivência ao longo das gerações. Cada uma das três dimensões (família, propriedade/empresa e gestão) possui demandas, necessidades, expectativas, direitos e obrigações que pode gerar desentendimentos, tensões e até disputas judiciais. Apesar de ser um modelo cinquentão, é atual, clássico e flexível. A compreensão e o entendimento das três esferas é o meio para que as EF se organizem e se planejem para mitigar os riscos que afetam a sua sobrevivência.

É nesse momento que as GC e GF se tornam ferramentas essenciais no processo de preservação das EF e da família. Os sistemas de GC e GF, respeitados pelos seus limites e responsabilidades, são instrumentos adotados para diminuir as diferenças e as tensões, sempre buscando a preservação do empreendimento e as relações familiares. Podemos dizer que a GC atua nos círculos da propriedade/empresa e da gestão, enquanto que a GF age de maneira mais acentuada no círculo da família. São órgãos do sistema de GC, atuando nos círculos da propriedade/empresa e gestão do negócio, a reunião ou assembleia dos sócios, os conselhos de administração (CA) e fiscal, a diretoria, as auditorias (independente e interna) e os comitês. No que se refere a GF, agindo na dimensão da família está a reunião ou assembleia familiar e os conselhos de sócios (CS) e de família. Por fim, a integração entre os sistemas de GC e de GF é feita por meio do CA e do CS, de acordo com a definição de funções e finalidades de cada um.

Essa integração pode ocorrer de várias maneiras, por meio de reuniões, relatórios e outros meios de comunicação. A implantação dos sistemas de GC e de GF é uma medida valiosa para a preservação da EF, pois não só reduz as diferenças de informações, como, também, proporciona alinhamento e coesão entre as partes. Entretanto, é importante que a sua implantação seja de maneira formal, por meio de regras escritas, estatutos, protocolos, regimentos, acordo de sócios etc. Essas regras, quando claramente definidas e estabelecidas, criam uma maior integração entre os três círculos, acalmam os ânimos e os potenciais conflitos de interesses, agregando mais valor à EF e contribuindo para a sua longevidade.


Cláudio Sá Leitão , conselheiro pelo IBGC e CEO da Sá Leitão Auditores e Consultores.

 

 

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