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Cátedra Sérgio Henrique Ferreira

acredito firmemente que as Cátedras podem ser braços sociais importantes das universidades para melhorar a qualidade das políticas públicas, produzindo uma geração de resultados perduráveis para a sociedade

MOZART NEVES RAMOS
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MOZART NEVES RAMOS
Publicado em 16/01/2023 às 5:00
Foto Ilustrativa: Pixabay
O bloqueio é para os livros e materiais pedagógicos da Educação Básica - FOTO: Foto Ilustrativa: Pixabay

Há três anos eu havia iniciado um novo desafio em minha vida profissional, o de dirigir a Cátedra Sérgio Henrique Ferreira (SHF) do Instituto de Estudos Avançados da USP de Ribeirão Preto (IEA-USP), tendo como objetivo promover a melhora das políticas públicas em educação com foco na aprendizagem e na redução da desigualdade escolar.

Ao iniciar essa atividade, veio a pandemia, e tudo o que eu havia planejado quanto à forma de trabalhar foi por água abaixo. Mas eu não fui uma exceção. Foi preciso repensar toda a estratégia. Apesar de todos os percalços que a pandemia deixou, foi possível realizar nosso trabalho de forma a atender às expectativas do IEA da USP de Ribeirão Preto.

Nos dois primeiros anos da pandemia foi possível fazer um denso trabalho de advocacy pela melhora da qualidade da educação, seja por meio de artigos de opinião, pela participação em palestras e entrevistas online, pela publicação de artigos acadêmicos ou pela oferta de cursos online no campo da formação de políticas públicas em educação.

No conjunto, foram mais de trezentas atividades realizadas, e esse esforço foi bastante reconhecido pelo IEA-USP, especialmente no tocante à nossa participação na mídia nacional. Na prática, o contrato inicial seria de dois anos, mas terminou sendo estendido até 2024.

Com o retorno às atividades presenciais em 2022, o trabalho deu um salto exponencial, começando pelo número de apoiadores. Inicialmente, a Cátedra tinha apenas o apoio do programa Santander Universidades, e hoje temos os apoios da B3 Social e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), obtidos mediante concorrência por meio de editais públicos, além do mais recente apoio da Fundação Telefônica Vivo (FTV).

Isso nos permitiu trabalhar com 35 municípios de quatro estados brasileiros (São Paulo, Maranhão, Bahia e Pernambuco). Os trabalhos com modelagens estatísticas sobre o desempenho escolar desses municípios têm ajudado sobremaneira os secretários municipais de Educação na tomada de decisões com base em evidências. Os primeiros resultados já podem ser verificados, como é o caso nos municípios de Ribeirão Preto, Batatais e Bebedouro – da Grande Ribeirão Preto.

Além da excelente equipe técnica do IEA-USP de Ribeirão Preto, liderada pelo Prof. Antônio José da Costa Filho, uma das razões desse sucesso em tão pouco tempo deve-se em grande parte ao modelo de atuação, naquilo que costumo chamar de “quadrado mágico”, em referência ao que aprendi com um ex-reitor da Universidade de Tecnologia de Compiègne (UTC), na França (que ele chamava de “carré magique”).

Em nosso caso, os vértices do quadrado são: o poder público – no caso, as Secretarias de Educação; a universidade – no caso, a Cátedra SHF; e também as empresas e o terceiro setor (institutos e fundações de empresas), todos trabalhando em prol da aprendizagem escolar e da redução da desigualdade. A Cátedra conseguiu assim colocar em prática o regime de colaboração com a sociedade pela qualidade da educação, como apregoa o Art. 205 da Constituição Federal.

De forma semelhante à do trabalho da Cátedra SHF, vale muito a pena registrar o trabalho da Cátedra Alfredo Bosi de Educação Básica, também vinculada ao IEA-USP, exemplarmente dirigida pelo ex-reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e amigo de longa data Naomar de Almeida Filho.

Nesse novo ambiente que se inicia em 2023, acredito firmemente que as Cátedras podem ser braços sociais importantes das universidades para melhorar a qualidade das políticas públicas, produzindo uma geração de resultados perduráveis para a sociedade, como diz o diretor do IEA, Ary Plonski.

Mozart Neves Ramos, titular da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira do Instituto de Estudos Avançados da USP de Ribeirão Preto.

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