Nada surge tão evidente quanto a nossa intuição. As horas se acumulam e esquecemos muitas vezes de introduzi-las ao dicionário psicológico. Invento e reinvento ideias que se acumulam ao longo do tempo. Estou sempre disposta a reavivar lembranças que se foram ou que se acumulam na memória como eixo de estabilidade. Gosto, e muito, de renovar os conceitos, uma maneira saudável na evolução de períodos do cotidiano. Nada mais sedutor que a imaginação para recriar a própria vida. Desde há muito, acúmulo recordações. Sou o resultado do processo de entrega ao antigo e de estímulo ao futuro promissor. Jamais esqueço a evolução dos fatos. Para tanto, entrego-me por inteiroà temporalidade da vida. Ontem de uma forma, amanhã de outra em um somatório que fortalece o eu. Jamais desprezo os fatos miúdos, somam-se à presentificação do que desejo elaborar. Caminho em busca de todos os feitos: passado, presente e futuro.
Impossível organizar a escalada do eu. Importa entregar-se aos acontecimentos como forma de aplaudir a caminhada. Sigo por caminhos que desconheço, todos plenos de surpresas e inovações. Não há como reter o processo, tão ávido de circunstâncias. Deixo-me envolver pelas evoluções e, muitas vezes, busco alterá-las. Nem sempre conquisto o desejo primeiro. Mas estou sempre na avidez de seguir adiante, carregada de plenas suposições. Afinal, as circunvoluções da estrada são múltiplas e a variedade estimula a ação do viver. A cada dia há um caráter diferente na evolução. Ainda bem. Urge que os acontecimentos se distingam de modo a multiplicar a essência dos fatos. Significativo os variados rituais em torno dos dias. Sou íntegra na medida dos anseios em evidência. Tudo tem a sua razão de ser, vale retomar os fatos com sabedoria.
E as interrogações não param de crescer. Uma, depois outra e, assim, vai se equacionando o ritmo adequado. A complexidade da vida não se mede, existe uma sedução permanente na sequência de cada minuto. Impossível definir a passagem dos dias. A imaginação tem limites. Não importa, entretanto, a variedade, há uma eterna suspeição do que é e do que não é.
Sinto-me incapaz de adivinhar. Não faz mal. Viver é extremamente difícil. Vale, entretanto, o seu teor de complexidade, assim, estamos todos aquém das descobertas. A meditação simboliza o que há de mais profundo em nosso pensamento. E vale a pena entregar-se por completo aos seus símbolos. Decisões à parte, e a permanente surpresa do ir e vir. Serei eu tímida no ato de adivinhar? Certamente, sim. Melhor confiar em nossa capacidade de prever. Então...
Fátima Quintas, da Academia Pernambucana de Letras-fquintas84@terra.com.br
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