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Educação, escola e paz

A violência, por seus danos à integridade física das pessoas e à vida, sobretudo depois do ato covarde de Santa Catarina, que deixou quatro crianças mortas, está entre as maiores preocupações da sociedade

ROBERTO PEREIRA
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ROBERTO PEREIRA
Publicado em 22/04/2023 às 19:10
JAILTON JR./JC IMAGEM
A escola, antes um espaço de acolhimento, hoje, um assombro, gerando o pavor da inquietação entre crianças e jovens - FOTO: JAILTON JR./JC IMAGEM

A violência, por seus danos à integridade física das pessoas e à vida, sobretudo depois do ato covarde de Santa Catarina, que deixou quatro crianças mortas, está entre as maiores preocupações da sociedade. A escola, antes um espaço de acolhimento, hoje, um assombro, gerando o pavor da inquietação entre crianças e jovens.

O Brasil e o mundo vivem a barbárie da estupidez e da agressividade descomunal. Por paradoxal, é na educação que deveria se dar a humanização das pessoas, mas estas, nos verdes anos, enfrentam um imenso cardápio de oportunidades na seara das mazelas: as bebidas alcoólicas são as primeiras, seguidas da maconha e das drogas.

É de paz que se precisa para o caminhar estudantil. O estudar sugere um ambiente tomado pela tranquilidade e pela sensação de segurança. O ensino-aprendizagem intui esse conforto emocional, tanto para os professores, quanto para os alunos. Não haverá ensino, tampouco aprendizado, se o clima for desfavorável à seguridade. Por igual, o corpo técnico e administrativo, que deve ficar envolto numa atmosfera de sossego e serenidade.

Pior, no contexto geral, são as especulações, o clima de terror criado no derredor dos protagonistas da escola e da educação. Qualquer ruído é barulho de pólvora, porque o subconsciente atua no cognitivo dos indivíduos, nos seus deveres profissionais e estudantis.

Creio que incumbe aos gestores levar às suas unidades educacionais mensagens positivas de crença e confiança, ao invés de dar trânsito à pane. Todavia, as palavras não trazem, neste caso, a firmeza imperiosa e desejada.

Impõem-se medidas cautelares à confiança. Neste caso, como em quase todos, a tecnologia deve ser uma parceira muito bem-vinda. As câmeras de vídeo são imprescindíveis. Detector de metais, outro mecanismo de controle de muita relevância.

Na porta de entrada e na figura humana do porteiro residem a esperança de um controle rigoroso, feito com bom senso e eficácia. Algumas escolas, magnificando o medo, têm lá suas razões para proibir, além da entrada de estranhos, também o ingresso dos pais. Passamos a vida defendendo a participação dos pais no processo educacional, nas vivências e convivências com o colégio dos seus filhos. Criar, entre os pais e os educadores, um grupo de whatsapp, pode e deve ser um canal de comunicação.

Precisamos de medidas urgentes e firmes, porque temos que vencer o impacto das notícias circulantes nas redes sociais. Estas, férteis às maldades, sobretudo aos fake news, que aterrorizam aos crédulos, porque movidos pelas mentiras e maldades.

Sabemos o quanto alguns jovens, vitimados pelas mazelas sociais, se arvoram às práticas das atrocidades, provando a sua audácia, desafiando o medo da prisão, e, até, da morte. Vivenciam a ousadia da viagem nos quadrantes da violência e do embrutecimento, ingressando, destarte, no pior dos mundos, que é um território sem fronteiras.

Percebe-se que o assunto deve ser um tema a ser tratado também por psicólogos e psiquiatras. É importante que os doutores da Ciência freudiana atuem com as suas terapias, com as suas prospecções às camadas subterrâneas da alma humana. Não se pode deixar que, entre crianças e adolescentes, floresçam e prosperem monstros do mal e da insensatez. Por igual, entre adultos, que também emolduram o cenário de cada educandário.

Registro o esforço do Governo estadual nas medidas de preservação dos espaços pedagógicos, inclusive com a ativação do número 197 para a recepção de denúncias e outras tratativas, além do aumento do patrulhamento, através da Polícia Militar de Pernambuco.

Por igual, na esfera federal, em que a Polícia Federal vem combatendo as possíveis ameaças, através da internet, à paz escolar. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) participa ativamente do esforço investigativo que vasculha redes sociais e fóruns de debates virtuais, como, por exemplo, os jogos on-line, de grande acesso entre os jovens.

Que cada escola volte à sua essência no que concerne à construção dos saberes e fazeres, edificando a paz na formação dos seus educandos. Assim seja!

Roberto Pereira, ex-secretário de Educação e Cultura de Pernambuco

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