OPINIÃO

Eleições no Supremo

Digo sempre, aos que muito se preocupam com as filigranas processuais dos membros do Supremo, que ruim com elas, pior sem elas

ARTHUR CARVALHO
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ARTHUR CARVALHO
Publicado em 17/05/2023 às 0:00 | Atualizado em 17/05/2023 às 7:10
MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
"Se não fossem a coragem pessoal e o perfeito domínio do Código de Processo Penal, de Xandão, o Brasil estaria mergulhado na ditadura bolsonarista" - FOTO: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL

Telefonemas perguntando quem vai ganhar a "eleição" para próximo ministro do STF. Respondo que seria melhor perguntar a Badidiu, Artêmio e Deba, mas infelizmente eles já descansam em paz, na mão de Deus, "na sua mão direita". Resta-me acrescentar que quem não estiver satisfeito, que procure reformar a Constituição Federal, porque a atual, em vigor, prevê que, no nosso regime democrático (!) e na nossa forma de governo presidencialista, quem nomeia ministro do Supremo e das demais cortes superiores é o chefe do Poder Executivo. Ele não é impedido de escolher um advogado de sua confiança, mesmo que esse advogado tenha sido seu patrono em causas recentes e difíceis, e até sendo um "terrível evangélico", um ateu ou agnóstico, bastando para tanto que o candidato possua "notável saber jurídico" (!) e "reputação ilibada" (!), condições e predicados previstos na Lei Maior, e que seja "submetido" à apreciação do Congresso, inclusive à turma do baixo clero e dos praticantes das rachadinhas.

Digo sempre, aos que muito se preocupam com as filigranas processuais dos membros do Supremo, que ruim com elas, pior sem elas. Se não fossem a coragem pessoal e o perfeito domínio do Código de Processo Penal, de Xandão, o Brasil estaria mergulhado na ditadura bolsonarista.

 

O resto são vãs filosofias, bunda de menino novo e "cagares" da infância. O mesmo que cair no declínio escorregadio da filosofia especulativa ou discutir metafísica, obras de Pirandello e Gorki com os amantes de armas, de boatos, calúnias, mentiras e joias raras.

Quando o locutor de pista da Rádio Poty de Natal pediu a Badidiu, half-esquerdo do ABC, um prognóstico para aquela partida decisiva contra o América, ele chutou: "O prognóstico eu darei após a partida!". Quando o locutor Cuíca ou Filisteu indagou do beque direito Artêmio, do América, logo depois, como seria o jogo, Artêmio preocupou-se: "Muito duro!". Cuíca insistiu no placar, e o zagueiro alvirrubro disparou: "Cinco a zero pra nós!".

Quando, numa cervejada, na Churrascaria Palhoça do Melo, nas Graças, os intelectuais perguntaram a Deba, mítica figura popular da velha Capunga, se Cid Sampaio ganharia a eleição que se aproximava, pra governança do Estado, Deba virou uma lapada de Castelo batizado, derramou um dedo pro santo, cuspiu no chão e fulminou: "As urnas dirá!"

Quem ganhará a eleição de Ministro do STF? – "As urnas dirá!" Uma das queixas dos inimigos do STF é de que chovem decisões monocráticas. Pergunta-se: e as medidas provisórias do Bolsonaro não eram monocráticas?

 

Arthur Carvalho, da Academia Brasileira de Letras Jurídicas - ABLJ

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