O trabalho dos policiais no Brasil é marcado por um alto índice de assédio moral, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública de 2020. Essa situação é preocupante, pois compromete a integridade física e mental desses profissionais, além de afetar diretamente o desempenho das atividades policiais e a segurança pública como um todo.
Um dos principais fatores que contribuem para o assédio moral dos policiais é a falta de estrutura e condições adequadas de trabalho. Muitos policiais no Brasil são obrigados a trabalhar em batalhões, pelotões ou delegacias precárias, com falta de equipamentos e recursos básicos, além de lidarem com uma carga horária excessiva. Isso gera uma sobrecarga física e primordialmente mental, sem contar os inúmeros casos de comportamentos abusivos por parte de superiores hierárquicos.
Além disso, a cultura de violência e impunidade presente em instituições policiais cria um ambiente demasiadamente hostil e intimidador para aqueles que não se submetem aos caprichos, muitas vezes agressivos, de colegas ou chefes. Policiais que sejam vistos como mansos, fracos, vulneráveis e até não subservientes são frequentemente alvo de bullying e humilhações, o que pode levar a quadros de depressão, transtornos de ansiedade e síndrome de Burnout, isso quando não leva ao suicídio ou ao assassinato de colegas, como os recentes casos do Ceará e de São Paulo.
O assédio moral também é um problema que afeta a capacidade dos policiais em prestar um serviço eficiente e de qualidade à sociedade. Aqueles que sofrem com essa prática podem ter sua autoestima e autoconfiança abaladas, o que pode prejudicar sua capacidade de tomar decisões importantes em momentos de pressão e risco. Isso pode ter consequências graves para a segurança pública, colocando em risco tanto a vida dos policiais quanto a dos cidadãos.
É necessário, portanto, que sejam adotadas medidas para combater o assédio moral nos ambientes de trabalho da segurança pública. Os casos de assassinato dentro de viaturas, quarteis e delegacias estão aumentando. Não pretendo ser um profeta do apocalipse, mas tragédias como essas não irão diminuir, pois os assédios morais continuam, os policiais estão adoecendo e nada, de forma eficaz, está sendo feito para parar esse câncer que torno-se uma metástase na segurança pública brasileira. Quando pessoas que portam armas diariamente estão adoecendo ou doentes, o terror é iminente.
Hesdras Souto, trabalhador da Segurança Pública de PE