OPINIÃO

Turismo e erradicação da pobreza

A relevância do turismo sustentável e resiliente para as políticas públicas que objetivam a erradicação da pobreza e a proteção do meio ambiente foi reconhecida e proclamada pela Organização das Nações Unidas (ONU).

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Publicado em 22/05/2023 às 0:00 | Atualizado em 22/05/2023 às 11:56
FILIPE JORDÃO/ACERVO JC IMAGEM
Turismo é empregabilidade e pode ser força importante no combate à pobreza no mundo - FOTO: FILIPE JORDÃO/ACERVO JC IMAGEM

O turismo, atividade econômica que mais se desenvolveu, à exceção do período da Covid-19, nestas últimas décadas, começa a ser compreendido também como um fator de inclusão social, segundo o axioma: quanto mais turismo, menos pobreza. Isto porque, ao contrário da tecnologia, como nos assegura o educador Cristovam Buarque, se o turismo cresce, crescem o emprego e a renda, as divisas, os insumos à prática do bem-estar, da qualidade de vida, o IDH da localidade onde se dá o fenômeno da visitação.

Naturalmente que estamos falando de um turismo autossustentável, integrado, que proteja a natureza e conserve os valores culturais da comunidade e do seu entorno. De um turismo que preserve o turismo, sendo sempre um espaço tangível e arte e talento intangíveis à sua continuidade no tempo vindouro.

Podemos falar, assim, na cidadania da ecologia e da cultura, enfim, do turismo, que agrega apenas dois recursos: os naturais e os culturais, sendo bastante extensa a sua cadeia produtiva, enlaces que vão desde os grandes equipamentos, a exemplo dos hotéis, chegando às tapioqueiras, aos vendedores de coco, ampliando-se na gastronomia e na culinária, ligando-se à produção associada ao turismo e à cultura, que agasalha o folclore, as danças, a música, o artesanato, a poesia, nesta, a Literatura de Cordel, numa valoração à arte popular, às coisas que emanam do povo, que são um cometimento aos visitantes.

A Organização Mundial do Turismo (OMT) desfraldou esta bandeira, a do turismo, como atenuante da pobreza, pelo que vem incentivando cidades e países a darem prioridade ao turismo, focando a necessidade de as expansões dos fluxos turísticos se ampliarem no seio da sociedade e que o desenvolvimento decorrente resulte em proveito dos pobres. A OMT está convicta da real possibilidade de aproveitar melhor o potencial do turismo - uma das atividades econômicas de maior dinamismo - para responder exitosamente às demandas da pobreza.

A relevância do turismo sustentável e resiliente para as políticas públicas que objetivam a erradicação da pobreza e a proteção do meio ambiente foi reconhecida e proclamada pela Organização das Nações Unidas (ONU). Aprovada em dezembro do ano passado e encaminhada, recentemente, aos estados-membros da Instituição, a resolução dá sequência aos esforços da Organização em posicionar o turismo como elemento fundamental para o desenvolvimento social.

Tendo como tema central a "Promoção do turismo sustentável e resiliente, incluindo o ecoturismo com vistas à erradicação da pobreza e proteção do meio ambiente", a resolução traz uma gama de recomendações aos países integrantes a respeito do desenvolvimento do setor turístico e leva em consideração outras resoluções e declarações que nucleiam a questão, contando, inclusive, com aportes relevantes da Organização Mundial do Turismo (OMT).

No documento, a ONU reconhece que o turismo é um dos segmentos econômicos mais afetados pela Covid-19, destacando que os desafios para superar a crise exigem soluções integrais, colaboração internacional e apoio financeiro que fortaleça as políticas que asseguram meios de subsistência para quem depende do setor.

A resolução também destaca que o turismo gera empregos e que pode ter efeitos positivos nos meios de vida e na educação. O segmento pode ajudar, portanto, na superação da pobreza e no combate à fome, bem como contribuir diretamente para o cumprimento da Agenda 2030 e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

A resolução encoraja os estados-membros a promoverem o turismo sustentável, assim como o cultural e o rural, com o intuito de viabilizar o crescimento econômico sustentável e inclusivo, o desenvolvimento social e possibilitar a formalização no setor laboral.

Os 49 países menos adiantados têm reconhecido a importância do turismo para o seu crescimento social, pelo que envidam esforços na prioridade a ser dada a essa atividade econômica de tão veloz retorno à inclusão de todos no contexto de sua cadeia produtiva.

Dos 80% dos pobres do mundo mundo, aqueles que subsistem com menos de um dólar norte-americano/dia vivem em 12 países. Pois bem, destes, 11 tomaram o turismo como um fator de exclusão da pobreza e, pelo que se sabe, excluindo o hiato criado pela Covid-19, estão colhendo os frutos dos resultados positivos.

Roberto Pereira, ex-secretário de Educação e Cultura de Pernambuco e membro da Academia Brasileira de Eventos e Turismo (Abevt). 

 

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