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OPINIÃO

Traição e covardia

Quanto ao atual escândalo dos cartões amarelos, vermelhos, pênaltis e expulsões, acho que todas as denúncias devem ser apuradas com o devido rigor, e os culpados, condenados. O cara que faz isso é, antes de mais nada, covarde e traidor

ARTHUR CARVALHO
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ARTHUR CARVALHO
Publicado em 24/05/2023 às 0:00 | Atualizado em 24/05/2023 às 10:30
Rafael Bandeira / Sport Club do Recife
Bola da Série B 2023 - FOTO: Rafael Bandeira / Sport Club do Recife

Quando fui morar em Natal, em 1948, fundei, com meu irmão, Carlos Aloysio, e o amigo Levy Viana, o Esporte Clube Guarany. Meu irmão e eu jogamos no velho Estádio Juvenal Lamartine, no Tirol, e em várias cidades do interior do Rio Grande do Norte, inclusive Nísia Floresta, que, na época, se chamava Papari, onde nosso goleiro Pirata pegou três pênaltis, e viajamos na ida e na volta na boleia de um caminhão enfadado.

Indo residir no Rio, fundei, com meu cunhado Kléber Bezerra e meu primo Madu, o Flamenguinho, que treinava e jogava no extraordinário gramado do Jockey Club, na Gávea, cedido pelo Embaixador Oswaldo Aranha. No Internato São José, na Tijuca, joguei, em 1951, no time dos Maristas. No Recife, fui campeão invicto pelo juvenil do Sport (54-55). Meu irmão, Carlos Aloysio, foi campeão pelo time amador do Sport, fazendo o gol da vitória (1x0), na Ilha, contra o Náutico. Fui nascido e criado respirando futebol. Se fosse contar todas as histórias que vi e vivi sobre futebol, o espaço não daria. Joguei na Ilha do Retiro, no Arruda, no campinho do América, em Beibinho Salgado, no Otávio Mangabeira, em Salvador, joguei em Maceió para aonde ia e voltava de trem, e pelo interior da Bahia e de Pernambuco. Não se falava em suborno de atletas.

Na véspera de uma decisiva Bahia x Vitória, surgiu o boato de que Osvaldo Baliza, goleiro tricolor, tinha se vendido ao Leão na Barra. Ozório Villas Bôas, delegado de polícia e presidente do Bahia, pegou o navio da Bahiana, foi à concentração do Tricolor de Aço, em Itaparica, botou o revólver nos peitos de Baliza, de dois metros de altura: "Se for verdade, você morre!" E Baliza continuou vivo e veio pro Sport: Osvaldo, Bria e Pedro Matos. João Saldanha, treinador do Botafogo, "soube" que Manga teria sido subornado pelo bicheiro Castor de Andrade para amolecer a partida contra o Bangu, peito Manga, que pulou um muro alto, e João deu 2 tiros para cima, para assustá-lo. Joguei com Manga no Sport. Era um cara humilde e honesto. Nada se provou.

Quanto ao atual escândalo dos cartões amarelos, vermelhos, pênaltis e expulsões, acho que todas as denúncias devem ser apuradas com o devido rigor, e os culpados, condenados. O cara que faz isso é, antes de mais nada, covarde e traidor. Trai seus colegas de time, seu treinador e sua torcida. Tem que ser mau-caráter. Eliminado do futebol pela Fifa para sempre. É o tipo do delito que não tem perdão. Complica o árbitro, os bandeirinhas e suja o "prato em que comeu". Nada mais ignóbil.

Arthur Carvalho, da Associação da Imprensa de Pernambuco - AIP

 

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