OPINIÃO

O Vietnã e o Brasil

O Brasil ensaiou algo parecido após o Plano Real, todavia, décadas de gramscismo cultural não desaparecem facilmente e temos o azar de estarmos no quinto mandato dos nossos vietcongues tupiniquins, que a exemplo de toda a América Latina, tentam regressar sempre às ideias falidas já descartadas pelos próprios "comunistas" do oriente.

ERMANO MELO
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ERMANO MELO
Publicado em 25/05/2023 às 0:00 | Atualizado em 25/05/2023 às 12:05
Divulgação/Ricardo Stuckert
Lula e o primeiro-ministro do Vietnã, Pham Minh Chinh - FOTO: Divulgação/Ricardo Stuckert

Qual país é mais livre economicamente? Onde abre-se empresa com mais facilidade? Quem combate melhor a pobreza? Quem evolui há mais de 20 anos? É fácil conferir. Visite o site da Heritage Foundation (https://www.heritage.org/index) e consulte o índice 2023 de liberdade econômica e crie um gráfico comparativo entre esses dois países ou quaisquer outros que deseje.

Brasil x Vietnã é simbólico, pois nos compara com um país outrora arrasado, que em 1993 tinha 79,7% da população na pobreza e cujo índice caiu para apenas 5% atualmente. Um país que, na década de 80, não produzia nem arroz suficiente para se alimentar e que hoje exporta produtos eletrônicos.

O ranking considera vários tipos de liberdades; dos direitos de propriedade privada, de liberdade financeira, passando pela segurança jurídica, pelo tamanho do Estado, pela quantidade de impostos, pela integridade governamental e pela integração ao sistema econômico global, entre outros. Na curva do índice brasileiro, tínhamos 51,4 pontos em 1995 e, após o sucesso do plano real, pulamos para 61,3 em 1999. Ficamos em um platô e declinamos a partir de 2007, voltando para 51,4 pontos em 2018. Em 2019 voltamos a 53,7, mas já iniciamos a descida novamente. O Vietnã tem uma curva ascendente desde 1995, nos passou em 2017 e abriu vantagem. Hoje estão com 61,8 pontos e acima da média mundial; nós estamos abaixo.

No ranking de 176 países, o Vietnã está na posição 72 e o Brasil amarga o número 127 com tendência de queda. Estamos abaixo de países como El Salvador, Honduras e pasmem, até da ditadura Nicaraguense; a Argentina segue coladinha, logo abaixo de nós.

Perdemos a grande oportunidade após o plano Real e, ao que parece, vamos mergulhar ainda mais. A geração nascida no fim dos anos 60 até os anos 70 cresceu acreditando que o futuro era promissor. Era a esperança, que para os gregos não era um valor em si, pois depende do efeito desse sentimento, que pode trazer acomodação e passividade, como foi o caso dos brasileiros. Melhor ser um povo desesperançoso, consciente de que nada de bom virá caso não haja um esforço individual e mudança de ideias.

O irônico disso tudo é que o Vietnã, pelo menos no nome e nas cores, considera-se um país socialista. Só que após os vietcongues comunistas expulsarem os americanos, eles experimentaram verdadeiramente os horrores de uma economia planificada e foram à miséria. Contudo, em 1986 eles deram a guinada para uma economia de mercado após as reformas do plano Doi Moi. Para desespero dos "Che Guevara de apartamento", o termo correto para economia de mercado é capitalismo. E foi daí que veio a saída da pobreza, fazendo o que todos sabem que funciona. O historiador alemão Rainer Zitelmann comenta: [...] é hoje um dos países mais dinâmicos do mundo [...] que cria grandes oportunidades para pessoas trabalhadoras e empreendedoras.

Mas nem tudo são flores. O Vietnã não é uma democracia. Liberdade econômica pode existir sem liberdade política e alguns países nunca vivenciaram a beleza de uma democracia liberal, como os do topo da lista: Singapura (83,9), Suíça (83,8), Irlanda (82,0) e Taiwan (80,7). O Vietnã segue seu caminho, com sua história e sua cultura, mas foram inteligentes o suficiente para saber a diferença de resultados do capitalismo e da utopia socialista, a maior mentira do século XX.

O Brasil ensaiou algo parecido após o Plano Real, todavia, décadas de gramscismo cultural não desaparecem facilmente e temos o azar de estarmos no quinto mandato dos nossos vietcongues tupiniquins, que a exemplo de toda a América Latina, tentam regressar sempre às ideias falidas já descartadas pelos próprios "comunistas" do oriente. O futuro chegou, mas não foi para nós.

Ermano Melo, oftalmologista

 

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