CLÁUDIO SÁ LEITÃO
Ao longo da minha vida profissional, pude perceber que a riqueza não é determinada pela renda, mas sim pela poupança. Outra conclusão que cheguei, baseado em minhas observações nas viagens de estudo, de férias e de trabalho, foi que nem todos os milionários tem o costume de ostentar sua riqueza. Na verdade, observei que alguns até evitam torrar dinheiro em bens de alto padrão, inclusive vivendo um pouco abaixo de suas possibilidades, preferindo morar em casas modestas, em lugar de mansões, dirigindo seus próprios carros e vestindo roupas simples. Muitos desses ricaços parecem não se preocupar em manter uma aparência de opulência. Afinal de contas eles são ricos de fato. Isso significa dizer que há uma grande diferença entre aparentar ser rico e ser rico de verdade.
Fazendo uma analogia dessa percepção e aplicando a qualquer que seja a atividade ou profissão, verifica-se que o "importante é ser e não aparentar ser". Alguns profissionais, no exercício habitual de suas atividades, como ofício de sua ocupação profissional, são pressionados a manter determinados padrões de consumo extremamente dispendiosos, o que afeta negativamente a possibilidade de poupar. Profissionais como advogados, arquitetos, juízes, médicos, executivos do mercado financeiro e executivos de grandes empresas, por exemplo, gastam grandes quantia de dinheiro em casas, carros, roupas, viagens e até frequentando ambientes luxuosos. Como resultado desse "estilo de vida", que consome grande parte da renda, quase sempre não sobra algum recurso para aumentar seu patrimônio. Por outro lado, em profissões, com menor status social, é mais comum optarem por um estilo de vida mais espartano (ou até franciscano), o que possibilita a conquista de um patrimônio e uma velhice financeiramente confortável. Pequenos empresários, auditores, consultores, contadores, engenheiros e executivos de pequenas empresas são exemplos desse tipo de profissão.
Ao comparar o comportamento das pessoas financeiramente bem sucedidas no Brasil, com estes profissionais que tem um estilo de vida mais modesto, podemos destacar 5 (cinco) principais características: (1) Normalmente vivem abaixo de suas possibilidades, de maneira mais simples; (2) Procuram investir em ativos, ao invés de passivos. Investem em ativos que geram renda, não desperdiçando dinheiro em sinais exteriores de riqueza; (3) Focam no aumento de patrimônio. Têm visão de longo prazo, buscando aumentar o patrimônio no decorrer do tempo; (4) Trabalham duro e aplicam seus recursos. Gostam do que fazem e sabem que a chave do sucesso é investir para multiplicar; (5) Valorizam o conhecimento. Aprendizado é fator primordial para o sucesso em qualquer profissão.
Enfim, levando-se em conta o estilo de vida de cada pessoa, que pode variar de acordo com os seus hábitos e costumes, podemos concluir que, seja qual for o tamanho da conta bancária, o essencial é manter hábitos simples, evitando os gastos supérfluos e desnecessários, de forma a cultivar uma vida financeira saudável e poder desfrutar de todas as coisas boas que o dinheirinho pode propiciar.
Cláudio Sá Leitão, conselheiro pelo IBGC e CEO da Sá Leitão Auditores e Consultores.