OPINIÃO

Racismo e heranças malditas

Até hoje esbarros em cordiais patrícios, viúvos do Salazarismo, confessos eleitores do Mito: "Deus, Pátria e família."

JC
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Publicado em 22/06/2023 às 0:00 | Atualizado em 22/06/2023 às 10:06
THOMAS COEX / AFP
Vini Jr: jogador brasileiro vítima de racismo no futebol europeu - FOTO: THOMAS COEX / AFP

Em pauta, racismo e V. Júnior. É bom lembrar que a Espanha sofreu 40 anos da ditadura fascista do generalíssimo Franco (que o digam Picasso, Hemingway e Pablo Neruda), com direito a sangrenta Guerra Civil. E, em termos de história, quatro décadas não são nada para um país se libertar dos efeitos nocivos e deletérios de um regime totalitário bem aparelhado e cicatrizar suas feridas.

O veterano e provecto presidente da La liga é um senhor de fala mansa, ralos cabelos grisalhos e ressaibos de franquismo enrustidos. Daí os sucessivos e constantes engavetamentos dos inquéritos e processos administrativos e internos em que é vítima, por intolerância, a estrela do Real Madrid.

A Espanha sempre foi escravocrata e colonialista, desumana, secular e lucrativa tradição da Península Ibérica de grandes escritores. E os dejetos putrefatos, que boiaram e boiam na lama pastosa do Franquismo e restam personificados em patotas de energúmenos cafajestes e desajustados, integrando organizações oficiosas e embutidos grupos de pressão, transformando-se em grupelhos covardes e fanáticos nos estádios - extravasam preconceitos da pior espécie, cumulados com recalques e frustrações, refúgios baratos dos fracassados do amor de qualquer gênero.

A velha e recorrente maldade "nessa gente é uma arte". Os dois jogadores que mais caçaram Pelé, com covardes pontapés sem bola, foram o centro médio português Vicente e o zagueiro italiano Trapattoni, que também caçou Almir Pernambuquinho, na decisiva Santos x Millan, no Maracanã, com troco.

Nem os catimbeiros e desleais argentinos, nossos eternos e maiores adversários, jogaram assim. Na Copa de 66, cinicamente afanada pelos lordes britânicos, campeões mundiais com um gol que não entrou, na final contra a Alemanha, o time de Eusébio tirou o Rei de campo na porrada. O crioulo saiu carregado, sem conseguir pisar, com a conivência pusilânime do circunspeto árbitro europeu encomendado pela FIFA de Stanley Rous, conterrâneo da Dama de Ferro.

Já era o odiento e odiado racismo, porque nunca fizeram isso com o holandês Cruijff, o francês Kopa, o hermano Di Stéfano, o húngaro Puskás, o inglês Bobby Moore, o Russo Yashin, o alemão Müller - todos astros famosos e ... brancos.

Até hoje esbarros em cordiais patrícios, viúvos do Salazarismo, confessos eleitores do Mito: "Deus, Pátria e família."

Arthur Carvalho, da  Associação Brasileira de Imprensa -ABI

 

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