OPINIÃO

Tico-tico no fubá

Nada de técnico estrangeiro. Nossos técnicos têm que comer churrasco, vatapá e sarapatel. Têm que tomar chope, vinho e cachaça - se dirigir, não beba.

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ARTHUR CARVALHO

Publicado em 13/09/2023 às 0:00 | Atualizado em 13/09/2023 às 13:30
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Nessa época de início de Copa do Mundo, chovem telefonemas pedindo minha opinião sobre o selecionado que está aí, disputando as eliminatórias com a Bolívia e demais países sul-americanos. Respondo que, depois que o Brasil perdeu duas Copas com Telê e duas com Tite, nada mais sei sobre futebol.

Ambos os treinadores, absolutamente incompetentes e medíocres. O atual técnico da Canarinha, interino da seleção, precisa ter cuidado para não cair no lindo e inoperante esquema do América do Rio dos anos 50, apelidado de tico-tico no fubá.

Se não me falha a memória (não uso celular nem Google), o time americano formava com Osni, Joel e Osmar, Ivan, Amaro e Godofredo; Natalino, Maneco, Dimas, Ranulfo e Jorginho.

Pois bem. A bola saía de Osni pra linha média, da linha média, de pé em pé, pros atacantes, e destes, voltava até a defesa, sem o adversário pegar nela. Para o gol, que é bom, muito pouco, e daí o apelido tico-tico no fubá posto por sua própria torcida. Quando o Arsenal excursionou no Rio, ficou maravilhado com o estilo de jogo do América, mas cobrou mais objetividade dos craques.

Quando foi comandar o Barcelona, Guardiola estudou profundamente o Santos de Pelé e veio ao nosso continente ver os times brasileiros e argentinos jogarem, porque entendia que o verdadeiro futebol, o mais contundente e bonito, é aqui que se joga. E levou nosso toque de bola pra seu time. Sendo que exagerou na quantidade dos passes curtos e laterais, tornando a partida monótona - e seu quadro, menos produtivo. Com o tempo, foi aperfeiçoando isso e tornou-se um técnico extraordinário. É isso que Diniz precisa fazer no nosso escrete: menos troca de passes na nossa área e mais lançamentos em profundidade. Menos bola atrasada pro goleiro e mais eficiência nas cobranças de faltas e escanteios. Mais disciplina e menos violência. Nenhuma reclamação aos árbitros e nenhuma invasão de campo dele mesmo.

Nada de técnico estrangeiro. Nossos técnicos têm que comer churrasco, vatapá e sarapatel. Têm que tomar chope, vinho e cachaça - se dirigir, não beba. João Saldanha dizia que se macumba ganhasse jogo, o campeonato baiano terminava empatado. Mas não custa pedir a bênção de São Jorge, ao adentrar o gramado, numa decisão de mundial.

Arthur Carvalho, da  Associação da Imprensa de Pernambuco - AIP

 

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