OPINIÃO

O gás natural é fundamental para a transição energética

A nossa planta de biometano que irá abastecer os dutos que servem ao estado de Pernambuco deve começar a funcionar efetivamente em 2025. Também temos estudado apoiar iniciativas em energias como o hidrogênio verde. Enquanto isso, investimos milhões de reais mensalmente para expandir nossas redes.

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FELIPE VALENÇA

Publicado em 28/09/2023 às 0:00 | Atualizado em 28/09/2023 às 11:48
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Uma das tomadas de consciência da humanidade mais importantes na história foi a necessidade de reduzirmos a quantidade de substâncias poluentes na atmosfera. Foram decisões institucionalizada pelo Protocolo de Kioto (1997) e, em seguida, pelo Acordo de Paris (2015), que o Brasil faz parte.

As metas para o nosso País no Acordo são bastante relevantes: redução das emissões de gases de efeito estufa em 43% até o ano de 2030, tendo 2005 como ano de referência. Além disso, aumentar a participação de bioenergia na matriz energética para 18% em um prazo que se encerra em sete anos.

O Brasil já conta com 48% de sua matriz energética originada de fontes renováveis, de acordo com a Empresa de Pesquisa Energética. Nessa questão somos um grande exemplo para o mundo, cuja média é de 15% e não devemos levar "pito" de ninguém.

Tem estado bastante em alta sugerir a substituição da energia fóssil pela elétrica, solar ou mesmo eólica. Sim, esse pode ser o caminho, porém não de maneira imediata. Para chegarmos lá a trajetória precisa ser segura para a população. E, além disso, não pode dispensar o uso do gás natural neste processo.

O Brasli, muito menos o mundo, não consegue uma substituição imediata de fontes de energia. Por uma série de razões, até mesmo de ordem técnica. Por exemplo, usinas fotovoltaicas e eólicas ainda sofrem algum grau de imprevisibilidade por dependerem de condições metrológicas. Outros tipos de energia, como o biometano e o hidrogênio verde, devem ser o caminho do futuro. Mas no presente ainda são mais caras, o que pode elevar as tarifas finais para o consumidor que, especialmente nos países mais pobres, não deve ser o mais penalizado pela exigência inevitável da descarbonização.

O caminho de transição, portanto, passa necessariamente pelo gás natural. Dos combustíveis fósseis, é o menos poluente, um dos mais seguros, energeticamente eficaz, está disponível, e possui preços bastantes atrativos para os usuários, seja para uma grande indústria ou para um motorista de veículo de aplicativo.

Atualmente, inclusive, as moderníssimas energias estão muito longe de serem não-poluentes. Em todo mundo, inclusive aqui no Brasil, um proprietário de carro elétrico pode carregar seu veículo num conector que é abastecido por uma usina térmica movida a carvão ou a diesel (caso, por exemplo, da ilha de Fernando de Noronha). No caso de Recife, quando a térmica instalada em Suape precisa ser ligada, a origem da energia dos carros elétricos é o gás natural! Muitas plantas de hidrogênio azul ainda têm como fonte o gás natural. Ou seja, temos um longo caminho a percorrer para de fato chegarmos a uma emissão neutra de carbono.

Nossa empresa, a Copergás, tem feito a sua parte. A planta de biometano que irá abastecer os dutos que servem ao estado de Pernambuco deve começar a funcionar efetivamente em 2025. Também temos estudado apoiar iniciativas em energias como o hidrogênio verde. Enquanto isso, investimos milhões de reais mensalmente para expandir nossas redes.

O mundo tem sido assolado por grandes tragédias climáticas. Estão aí os exemplos trágicos do ciclone no Rio Grande do Sul ou as inundações na Líbia. São acontecimentos muitas vezes inéditos e há uma grande suspeita de que tais fenômenos tenham a ver com as ações do homem e a natureza apenas reage. É uma hipótese levantada pelos cientistas e devemos estar atentos.

Nesse meio tempo, precisamos ir além das utopias e fazer o que for necessário para nos protegermos. Mas algo é claro: as saídas passam pela utilização racional e ponderada no gás natural.

Felipe Valença, presidente da Companhia Pernambucana de Gás (Copergás)

 

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