O turismo e a inclusão social
O turismo e o social, um desafio às entidades públicas e privadas, às instituições de ensino, às ONGs, à cidadania, à sociedade
O turismo e o social se interligam como se estivessem num sistema de vasos comunicantes. Um e outro são, reciprocamente, causa e efeito. O turismo sustentável é um vetor do desenvolvimento que se deseja socialmente justo. Capaz de gerar divisas e riquezas, mas, sobretudo, emprego e renda. No destino, melhorias à saúde e à educação, ao saneamento, ao combate à exploração sexual infanto-juvenil, à violência, um mosaico multidisciplinar e interdisciplinar.
Ou seja, a trajetória do global ao local somente acontecerá se o destino estiver à altura das expectativas dos que viajam até porque estes mantêm o olhar contemplativo das paisagens que vão formando o entorno de cada visitante.
A inclusão social subentende respeito à diversidade existente, passando a ser o antídoto que se deseja à exclusão. Impõe respeito às diferenças étnicas, raciais, religiosas, sexuais, incluindo-se o deficiente físico que precisa ser inserido no usufruto do turismo.
O filósofo italiano Domenico de Mais, autor do conceito do Ócio Criativo disserta sobre a Sociedade do Tempo Livre, relacionando-a à vasta janela de oportunidade que sua consolidação acarretará ao segmento turístico neste século atual, mormente no que concerne à geração de novos empreendimentos e, em decorrência, mais postos de trabalho.
Cristovam Buarque referindo-se à atual divisão do mundo moderno, no qual, segundo ele, a Cortina de Ferro que separava países pela ideologia foi substituída por uma Cortina de Ouro que não separa países e, sim, pessoas - 1 bilhão delas reunidas no Primeiro-Mundo-internacional-dos-Ricos e as demais 5 bilhões ilhadas no Arquipélago-Social-dos-Pobres. Neste contexto, continua Buarque, "o turismo é poderoso instrumento de inclusão social, na medida em que - diferentemente de outros setores da economia global, nos quais o avanço técnico tende a gerar desemprego - ao se desenvolver continua incorporando mão de obra."
Importa dizer que ao turismo sustentável estão atreladas as políticas públicas, que preservem o meio ambiente e a cultura, uma legislação compatível que permita conciliar desenvolvimento com preservação da natureza, enfim, uma moldura de sustentabilidade à prática do turismo, que, na sua cadeia produtiva, detém inúmeras atividades. O turismo, gerador de emprego formal e informal, é, portanto, um fator de inclusão social, sem o que a própria atividade do turismo fica enfraquecida nos seus pilares de permanência, de sustentabilidade;
O turismo e o social, um desafio às entidades públicas e privadas, às instituições de ensino, às ONGs, à cidadania, à sociedade. Um estandarte do sempre admirável mundo novo do turismo, reiteradamente novo e otimizado após a malsinada pandemia do coronavírus.
Roberto Pereira, ex-secretário de Educação e Cultura de Pernambuco e membro da Academia Brasileira de Eventos e Turismo (Abevt).