OPINIÃO

A vetusta Academia Pernambucana de Letras, a APL

Nenhum motorista de táxi ou uber ou estudante secundário ou universitário sabe onde fica a bela e secular sede da APL

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ARTHUR CARVALHO

Publicado em 22/11/2023 às 0:00 | Atualizado em 22/11/2023 às 7:48
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Nenhum turista brasileiro ou estrangeiro sabe que a APL é estabelecida, há anos, na esquina da Avenida Rui Barbosa com a Malaquias, defronte do tradicional Colégio Damas, das piedosas Damas, no bairro das Graças, um dos mais importantes da cidade. Parece que estou vendo um escritor nacional ou estrangeiro desembarcar no Aeroporto Guararapes pedindo ao taxista para tocar pra a APL, e o moço: "Onde fica isso?"

Mui justa e oportuna a nota plantada por um nosso acadêmico elogiando Raimundo Carrero, na coluna de João Alberto do DP. Pena o imortal ter esquecido de registrar que Carrero foi preterido por candidato sem a menor expressão literária, quando quis ingressar na APL da primeira vez. Oportuno porque devemos estar atentos para que fatos como esse não se repitam. Que aquele "sodalício" (desculpem o palavrão) é casa de escritores e que não devemos "fritar" os verdadeiros escritores, em prol dos apenas vaidosos de sempre, os chamados alpinistas sociais.

A Academia Brasileira de Letras, famosa por barrar grandes escritores, entre eles o genial Orestes Barbosa, por ser "boêmio", embora tenha escrito "Tu pisavas nos astros distraída", e por ter eleito o ditador Getúlio Vargas, o homem do "Trabalhadores do Brasil", e representantes civis e militares das ditaduras que infestaram o país, inclusive o homem do "Eu diria", acaba de eleger o grande compositor negro e nordestino Gilberto Gil e o filósofo cacique indígena - Krenak. Isso deveria servir de exemplo à nossa vetusta Academia. Basta de anônimos "intelectuais" e de membros de Universidades. Basta de Montaigne. Vamos cultuar Chiquinha Gonzaga, Ary Barroso, Pixinguinha, Luiz Gonzaga.

Vamos promover encontros que lotem nosso auditório pra ensinar à moçada que nosso samba nasceu das batucadas do Recôncavo Baiano, renasceu nos terreiros de candomblé e capoeira das mães de santo feito Tia Ciata, para subir os morros cariocas e depois descer a ladeira com Donga, João da Baiana, Heitor dos Prazeres, Sinhô, Noel Rosa. Viva o poeta Rogaciano Leite! Viva Paulo Molim!

Arthur Carvalho, da Academia Pernambucana de Letras - APL.

 

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