OPINIÃO

A cultura ocidental

A cultura ocidental depende da civilização criada em sua História. Muitas vidas foram ceifadas em guerras sangrentas em defesa dessa cultura. Você que está lendo este artigo em seu lap top ou smartphone só o faz por causa dessa cultura, da cultura produto das grandes religiões do ocidente: o cristianismo e o judaísmo.

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JOSÉ MARIA NÓBREGA

Publicado em 17/12/2023 às 0:00 | Atualizado em 17/12/2023 às 13:38
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O mundo ocidental passou por muitas provações no século XX. Duas grandes guerras foram as mais importantes ameaças ao Ocidente, com a Segunda Guerra sendo destaque com a ameaça do nazi-fascismo que, por pouco, não conseguiu se sobressair. A insanidade de Hitler matou milhões de pessoas, sobretudo os judeus, povo perseguido em toda a história da humanidade. Com a vitória dos Aliados na Grande Guerra, o mundo se dividiu em dois blocos antagônicos - União Soviética, liderando o Bloco Socialista, e os Estados Unidos, liderando o Bloco Ocidental Liberal. A Guerra Fria foi o seu resultado, sobretudo depois das explosões das bombas atômicas nas duas cidades japonesas - Hiroshima e Nagasaki. Em paralelo ao bipolarismo dos dois modus vivendi pós-guerra, nasceu a Organização das Nações Unidas e o Estado de Israel como recompensa aos judeus pelo Holocausto promovido pelos alemães nazistas.

A vitória dos aliados foi a vitória do mundo ocidental, da cultura ocidental que criou o Liberalismo, o Socialismo e a Democracia Representativa. Onde nasceu os mecanismos de freios e contrapesos aos abusos do poder, a divisão entre os poderes executivo, legislativo e judiciário, as eleições como procedimento de escolha dos representantes do povo para o parlamento, os direitos civis, políticos e sociais, as contituições liberais e as políticas sociais no estado de bem-estar social. Essa cultura é reflexo de nossa história, contraditória sim, mas inevitável para a garantia do modus vivendi ocidental.

 No entanto, com o avanço de ideais culturais também nascidos no ocidente, como o socialismo e o progressismo, nas universidades, nas escolas, nos sistemas políticos etc. Vimos crescer a defesa paradoxal da anti-cultura ocidental. O ateísmo do socialismo radical juntou-se a uma visão na qual, no Oriente Médio, culturas anti-ocidentais podem se acomodar ao modelo de estrutura política do Ocidente Liberal. Nessa visão, equivocada por partir de premissas falsas, Israel é o representante do antigo imperialismo (britânico e estadunidense) e o verdadeiro opressor dos países e territórios árabes-muçulmanos. Dessa forma, seria legítimo defender grupos terroristas, como o Hamas, que, para essa visão (ateísta, anti-ocidental e anti-imperialista) na verdade se trata de um "grupo de resistência" ao opressor ocidental.

Para esse pequeno grupo de "pensadores" a revolução socialista e a resistência ao imperialismo ocidental, a resistência à "Democracia Burguesa" e aos "fascistas ianques", é o que importa. E isso vem sendo visto em grandes universidades americanas, como Harvard e o MIT, nas quais grupos de estudantes e professores passaram a atacar Israel como o verdadeiro vilão do Oriente Médio.

Isso é uma desconstrução perigosa do modelo de cultura ocidental, cultura essa política (democracia representativa), econômica (sistema de liberdade de mercado e iniciativa privada), social (individualismo burguês), artística (cinema, arte, música etc.). Modelo esse produto do judaísmo-cristianismo. A cultura ocidental, suas benesses e seus males, deve muito a essas grandes culturas religiosas. Do nosso modelo de governo, passando pela bomba atômica e o avião supersônico, é dessas duas religiões que a história do mundo civilizado se desenvolveu.

A vitória dos aliados na Grande Guerra Mundial, em meados do Século XX, o século mais importante de todos, foi a vitória da liberdade, da democracia liberal e do constitucionalismo. Mas, também foi a vitória do autoritarismo totalitário e sangrento de Stálin. No entanto, o socialismo, ou estado de bem-estar, também foi criação resultado, apesar de contraditório, dessas duas grandes culturas religiosas do cristianismo e do judaísmo. Únicas grandes religiões que se adaptaram ao modelo de democracia liberal.

A defesa recentemente vista nas universidades e nas redes sociais do Hamas me deixou perplexo. Para mim, é o mesmo que pedir para ser morto. Defender o radicalismo de uma cultura religiosa-política que, por natureza, é radical, é o mesmo que pedir o fim da cultura ocidental que é justamente ela que permite, através do constitucionalismo criado nela, que essas pessoas defendam o terrorismo islâmico como "forma de resistência". Em muitos países muçulmanos cristãos são perseguidos e mortos pelo simples fato de professar a sua fé.

As redes sociais - Tik Tok, Instagram, Facebook, Whatsaap, etc. - são criações da cultura ocidental. Só existem porque há o mínimo de liberdade nas sociedades que a criaram. Usar as redes sociais para apoiar uma cultura violenta contrária ao modus vivendi ocidental não é só contraditório, me parece também pouco inteligente.

O século XX é o divisor de águas da História Contemporânea. As pessoas precisam voltar a ler a história desse século para entender as atuais contradições e os atuais antagonismos que estamos vivendo. Parece que boa parte das gerações mais novas está entorpecida, alucinada, fora da realidade. Não entendem os resultados históricos e resquícios do passado em sua volta. A cultura ocidental, o liberalismo, a democracia representativa, a liberdade religiosa, etc. é produto de muitos conflitos, muita fome, doenças, violência gratuita e irracional. Foi duro chegar até aqui. Defender Hamas, fundamentalismo islâmico e uma religião que prega a aniquilação das duas principais religiões do mundo ocidental é irracional, pouco inteligente e suicida.

A represa que segura a tirania do fundamentalismo islâmico é Israel. ÚNICO PAÍS DE DEMOCRACIA LIBERAL DO ORIENTE MÉDIO. Na política do Oriente Médio, o mais sensato para a cultura ocidental, o nosso modus vivendi, é defender o direito natural do Estado de Israel, de sua sociedade e de seus indivíduos de existirem, e mais, de represar a tirania contrária a nossa cultura e o nosso modo de viver.

A cultura ocidental depende da civilização criada em sua História. Muitas vidas foram ceifadas em guerras sangrentas em defesa dessa cultura. Você que está lendo este artigo em seu lap top ou smartphone só o faz por causa dessa cultura, da cultura produto das grandes religiões do ocidente: o cristianismo e o judaísmo.

José Maria Nóbrega, historiador e cientista político

 

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