OPINIÃO

Democracia, escolhas e mudança

Registrar o primeiro ano desse episódio unindo os entes da federação e os poderes da República na capital federal é reforçar que a democracia é um bem maior

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Raquel Lyra

Publicado em 08/01/2024 às 5:00
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A democracia é um fim em si mesmo. E é também um meio, um caminho de diálogo para que a sociedade consiga chegar a consensos e progredir. O dia oito de janeiro de 2023 representa um triste episódio na história do Brasil, quando um grupo minoritário e dissonante da sociedade do nosso País atacou violentamente as instituições brasileiras. Mas a democracia venceu e seguirá vencendo.

Registrar o primeiro ano desse episódio unindo os entes da federação e os poderes da República na capital federal é reforçar que a democracia é um bem maior, que converge aqueles que fazem a nossa nação em nome de um propósito só: garantir a construção de consensos a partir do diálogo e do respeito entre diferentes - as diferenças, enfim, são a riqueza da democracia. Saber respeitá-las e buscar construir caminhos a partir delas é justamente a nossa obrigação e o nosso desafio.

A defesa da democracia parte da convicção de que somente através do diálogo efetivo e verdadeiro será possível entender os outros, ampliar o debate e compreender os problemas que afligem a sociedade, desenhando as soluções práticas consonantes com o real interesse público. Democracia e diálogo são, portanto, as chaves para mudar para melhor a vida das pessoas, sem que se precise concordar sempre e indistintamente. Não se trata disso.

A luta pela democracia é diária e não pode regredir. Vai muito além de ideologias, lados ou partidos e deve sempre honrar os que vieram antes de nós, em especial aqueles que combateram os regimes de exceção, defendendo irrestritamente os nossos direitos fundamentais, como a liberdade de expressão.

A luta para defender os direitos de cada cidadão, de todas e todos, desde o período colonial teve Pernambuco como palco central em episódios que embelezam a memória e orgulham todos nós. Na nossa terra, reforçamos para o Brasil, a cada batalha, levante, revoluções ou confederações o caráter vanguardista, libertário e defensor dos valores democráticos do nosso povo.

Reafirmar a voz de Pernambuco nesse cenário, em pleno 2024, ano em que comemoraremos o bicentenário da Confederação do Equador, é sublinhar a relevância de princípios que norteiam a nossa existência e valorizam as melhores tradições pernambucanas de liderança, força e resistência, fazendo valer também o legado de tantas e tantos que por isso lutaram em defesa de um País mais justo e livre, assentado nos mais valorosos princípios democráticos.

Tal legado deixado para o nosso país pode, entre tantos outros, ser representado também pela figura do ex-ministro da Justiça Fernando Lyra, meu tio,
um dos personagens da história recente mais identificados com a luta pela redemocratização do País. Ele emprestou sua vida à defesa da boa política e nunca se curvou ou abriu mão dos seus ideais. A causa democrática, sua obsessão, seguirá sendo a nossa. Por Pernambuco e pelo Brasil.

Nesse oito de janeiro de 2024, por fim, é preciso reforçar o papel das instituições, o valor do voto e o seu poder inviolável, absoluto. Na democracia, o voto individual e universal permite que barreiras históricas sejam quebradas. Foi, por exemplo, o que aconteceu em 2022, quando Pernambuco - de novo na vanguarda - elegeu pela primeira vez na história do Brasil uma governadora e uma vice-governadora. Sinal dos tempos e do amadurecimento da nossa jovem, porém forte, democracia.

Nosso dever hoje, além de proteger com clareza o ideal democrático, é utilizá-lo como um instrumento capaz de transformar vidas, o Brasil e, no nosso contexto, mudar efetivamente a realidade local, reduzindo desigualdades e trazendo visibilidade e serviços públicos de qualidade aos que sempre esteviram no escanteio e distante das oportunidades, os invisíveis. Em nome da democracia, eis a minha responsabilidade direta, para a qual trabalho, junto à nossa equipe, diariamente desde janeiro de 2023. Arrumamos a casa, captamos recursos, já começamos a fazer entregas e em 2024 estamos pisando no acelerador para trazer as mudanças que o povo de Pernambuco quer e precisa.

O dia oito de janeiro não deve ser um dia de lamentos, mas de reflexões e aprendizados: é dia de - didaticamente - ressaltarmos que o extremismo é exceção. Por meio do diálogo e do compromisso com a mudança de verdade, Pernambuco e o Brasil sintonizados progredirão sintonizados, permitindo a participação mais inclusiva de cidadãs e cidadãos no futuro que merecemos e vamos construir.

Raquel Lyra, governadora de Pernambuco

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