OPINIÃO

Heleno de Freitas

Tenho pena de quem não viu Heleno jogar futebol. Além de virtuoso, valente.

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ARTHUR CARVALHO

Publicado em 17/01/2024 às 0:00 | Atualizado em 18/01/2024 às 11:46
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Recebo vídeo de Kléber de Carvalho Bezerra, falando, entusiasmado, do meu artigo sobre Heleno de Freitas. Kléber mora em Natal, fez 90 anos recentemente, é casado com minha irmã Maria Elisa. Engenheiro civil, ex-deputado estadual, professor aposentado da Faculdade de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, bem situado financeiramente, fazendeiro, costuma dizer que só entende de boi e nada mais. Mas o que ele é mesmo é um cara simples. Nada de vaidade. De vaidade doentia. Talvez por isso seja tão estimado pela sociedade potiguar. E não seja alvo de piadas e chacotas.

No vídeo que me enviou através de meu filho Carlos, diz o seguinte: "Gostei muito do artigo de seu pai, o que não é novidade. Mas, desses aí do futebol, que eu conheci, você pode até transmitir para ele, não vi Leônidas jogar. É uma pena. Heleno, lembro vagamente, parece que assisti pelo América, quando ele voltou da Colômbia, já doente etc. etc., para o Rio de Janeiro, quando fomos para lá, se não estou enganado. Ouvi muito pelo rádio nos campeonatos cariocas. Ele, com a sua fama espetacular. Inclusive, lembro demais de um jogo no Chile pelo campeonato sul-americano, em que o Brasil foi vice-campeão (a Argentina foi a campeã), e no último jogo nós ganhamos de 1 x 0, gol de Heleno, de cabeça, de fora da área. Vi muitas fotos no jornal posteriormente. Era realmente um jogador sensacional. O resto é folclore."

Obrigado, velho Kléber. Saudade do time Flamenguinho, que fundamos com meu irmão Carlos Aloysio e o primo Madu, no Rio, em 1951, e lembro que treinávamos e jogávamos no campo do Jockey Club Brasileiro, cedido por um tal de Oswaldo Aranha, amigo de Tio Péricles Madureira de Pinho. Saudade de nossos jantares no restaurante Bife de Ouro, do Copacabana Palace, patrocinados por seu pai, o lendário senador, Major Theodorico Bezerra, que, apesar de milionário, era humilde.

Achei interessante a coincidência. Vi Heleno jogar no campinho da Graça, em Salvador, em 1945, pelo Botafogo, contra o Bahia. O Botafogo formou com: Ary, goleiro da seleção brasileira, Gérson e Santos - este Santos veio a ser depois o famoso Nilton Santos; Ruarinho, Ávila e Juvenal; Paraguaio, Geninho (campeão brasileiro pelo Bahia em 1959, como treinador); Heleno de Freitas, Otávio e Braguinha, de acordo com a tática WM de antigamente. Heleno fez um gol de cabeça, de costas, de fora da área, em Leça, que estava um pouco adiantado da barra. O Tricolor de Aço tinha uma linha média toda argentina: Pappete, Bianchi, depois técnico do Sport, e Avalle. Tenho pena de quem não viu Heleno jogar futebol. Além de virtuoso, valente.

Arthur Carvalho, da Associação Brasileira de Imprensa - ABI

 

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