PROJETO DE ESTADO

Escola de Sargentos em Pernambuco une o estado e se consolida

O esforço valeu a pena, provando que o trabalho conjunto, longe de radicalismos, dá sempre bons resultados.

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TEREZINHA NUNES Do BlogDellas Especial para o JC

Publicado em 21/01/2024 às 0:00 | Atualizado em 21/01/2024 às 10:06
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"Com quantos paus se faz uma jangada?" ensina um conhecido ditado popular, demonstrando que nenhuma grande obra se constrói sem o apoio de muitas forças políticas, de tendências as mais diversas. Ainda mais em se tratando de uma construção a ser iniciada em 2017 e que levará 10 anos para ficar pronta. O que isso significa? Que a Escola de Sargentos do Exército em Pernambuco começou a ser projetada ainda no Governo Paulo Câmara, quando o estado foi escolhido como sede do empreendimento, que só vai ser iniciada após o primeiro mandato da governadora Raquel Lyra e que, quando for inaugurada, Raquel, mesmo que se reeleja, não vai mais estar no Palácio do Campo das Princesas.

Falando em presidentes, já que a obra é federal, embora o estado vá participar com a injeção de R$ 320 milhões como contrapartida ( o investimento total previsto é de R$ 1,8 bilhão ) a decisão pela construção em Pernambuco foi tomada em 21 de outubro de 2021, anunciada pelo então presidente Jair Bolsonaro, e esta sexta-feira o presidente Lula a consolidou com a assinatura, no Recife, do Termo de Compromisso entre a União e o Estado para construção da unidade, acompanhado da governadora Raquel Lyra e do ministro José Múcio Monteiro, outro que lutou com unhas e dentes para garantir a escola em Pernambuco.

EMPREGO E RENDA

Sem essa vontade política sólida - o Exercito analisou três áreas antes de se definir por Pernambuco - nós já teríamos perdido um dos maiores investimentos que o estado terá nos próximos anos. Afinal, Pernambuco lutou contra o Paraná e Rio Grande Sul que se credenciaram também a sediá-lo. Para se ter uma idéia de sua dimensão, a unidade formará todos os sargentos do Exército Brasileiro depois de concluída (2.400 por ano) terá vila militar, vila olímpica e 24 edifícios com 576 apartamentos e vai gerar 11 mil empregos. O previsto é que 6 mil pessoas frequentarão o local cotidianamente, estudando ou trabalhando. Cinco municípios vão ser diretamente beneficiados mas o Recife também receberá os setores de saúde, incluindo hospitalares, de suprimento e também grande parte dos familiares das pessoas que girarão em torno da escola. Só de pagamento de salários vão circular, por ano, no local, R$ 200 milhões.

"Além de gerar uma revolução nos setores de emprego e renda na área e no seu entorno, a escola vai deixar o meio ambiente mais sustentável do que é hoje"- disse em entrevista esta quarta-feira no Recife o general Joarez Alves Pereira Junior, diretor do projeto da unidade educacional, afirmando que toda área preservada na região só está intacta porque o Exército cuidou dela, através do Campo de Instrução que mantém na região. E concluiu: "a nova escola será a maior do Exército brasileiro e uma das maiores do mundo". Na verdade, apesar dos acertos políticos, em novembro do ano passado, a vaca quase vai pro brejo. Em entrevista ao blog de Jamildo, o general Milton Moreno, disse, irritado, que "se tivermos problemas jurídicos ou ambientais vamos levar a escola para uma segunda opção..... vamos chorando, mas esse é um dado de realidade". A declaração soou como uma bomba.

EXÉRCITO E MEIO AMBIENTE

Afinal, as questões ambientais também foram uma dor de cabeça para consolidar o investimento. A governadora Raquel Lyra chegou a temer que a resistência de setores ambientalistas que se pronunciaram pela imprensa e em audiências públicas na Assembléia, acabasse causando os mesmos problemas que o Recife enfrentou com o projeto no Cais José Estelita. Só que o Exército não teria o mesmo jogo de cintura que a PCR teve para vencer a resistência ambiental. Para isso, Raquel promoveu encontros da área de meio-ambiente do estado com o Forum Socioambiental de Aldeia e com os próprios militares para dirimir as resistências.

E, assim como a união política foi bem sucedida, a ambiental também foi, com os dois lados satisfeitos. O Exército cedeu e resolveu mudar o local das construções, reduzindo pela metade a supressão vegetal , como anunciou esta quarta-feira o general Joarez Alves adiantando que "a área de supressão vai diminuir dos 180 hectares iniciais para 90 hectares". "Se passar para 90 hectares nós não temos mais nada o que dizer" festejou o presidente do Forum, Herbert Tejo, encerrando a questão enfrentada por meses. O esforço valeu a pena, provando que o trabalho conjunto, longe de radicalismos, dá sempre bons resultados. O próprio presidente Lula ressaltou isso no momento em que se pronunciou esta semana. Disse que os ambientalistas estão certos em reivindicar, tanto que conseguiram parte do que pretendiam, mas elogiou os militares reconhecendo que, sem eles, instalados na região Curado, a Mata Atlântica estaria hoje bem menor. 

 

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