OPINIÃO

Carnaval, entretenimento, cultura e turismo

Sentiu-se no ar, desde cedo, o caldeirão das ruas, houvesse sol, houvesse chuva

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ROBERTO PEREIRA

Publicado em 14/02/2024 às 6:00
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Este Carnaval, à semelhança de 2023, foi uma nova explosão de alegria em contraponto à pandemia da Covid-19, que, durante dois anos, represou o riso e o sonho. Tantas prévias e tão grande o saracoteio ensejado pelas músicas, que, multidões, num frenesi dos acordes e dos batuques, foram dando nitidez ao contagiante sorriso que sempre esplende dos foliões, fazendo mexer o esqueleto num remelexo inerente ao frevo, ao maracatu, ao samba, ao ritmo e à dança como um todo.

Sentiu-se no ar, desde cedo, o caldeirão das ruas, houvesse sol, houvesse chuva. O povo está sempre à espera deste momento único, singular e plural, uma vez que, sendo o Brasil o “país do carnaval”, a hora do mexe-remexe-mexe é inerente ao reinado do Momo.

A cultura é a argamassa da sociedade. O seu fomento e a sua preservação são um exercício de cidadania, de defesa das raízes de um povo e da sua identidade cultural.

Tu freves, ele freve, eu frevo. A palavra frevo surge como uma corruptela do verbo ferver (“frever”), isso porque é uma música frenética, de ritmo muito acelerado. É genuinamente pernambucana, sendo reconhecida, em 2012, pela Unesco, Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

E o Galo da Madrugada? Este ano trouxe o *Galo gigante da paz,” numa comovente e fecunda mensagem.

O Galo, quando, por dois anos (2021 e 2022), empoleirado, soube guardar a fé de voltar a cantar a alegria que tanto contagia os da terra e os de fora, mas, neste sábado, logo cedo, ele “já esteve (adaptado) na rua saudando o carnaval”, como está no seu hino, um frevo que todos cantam e se encantam.

No sábado, este jornal, em bela matéria de capa, trouxe o imenso galo e o lindo poema, “cidade em bloco”, de Gustavo Krause.

O Carnaval movimentou, neste ano, 9,18 bilhões. Pelo menos é o que apontam as projeções da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Esse faturamento representou um acréscimo de 28,9% no faturamento do varejo brasileiro, na comparação com o ano de 2022, no final da malsinada pandemia.

Quem procurou alguma vaga temporária de emprego andou se dando bem no Carnaval de 2024. Segundo a CNC, “a demanda por serviços turísticos deve ter gerado oferta de 25,6 mil vagas temporárias no carnaval deste ano”. Em suma, essa quantidade representou um aumento de 10,3 mil vagas em relação a 2022.

O Carnaval de 2024 está sendo considerado, nas primeiras avaliações, o melhor dos últimos cinco anos. Isto porque, após dois anos suspenso, a festa voltou com força total, movimentando cerca de 48 milhões de pessoas nos tradicionais destinos carnavalescos do país, segundo levantamento do Ministério do Turismo.

O retorno do Carnaval, no ano passado, foi alvissareiro à economia do país, atraindo milhões de brasileiros e estrangeiros, criando empregos e gerando renda à nossa gente, reforçando a cadeia produtiva da cultura e do turismo, deixando os hotéis, nos destinos de grande demanda carnavalesca, em média, com 90% de sua ocupação tomada pelos turistas. Viva!

Nizan Guanaes, em artigo no jornal Valor Econômico, assegura: “O turismo, o entretenimento e a cultura são uma fonte incalculável de renda e prestígio para países como EUA, França, Itália, Espanha, Reino Unido...” Continuando: “Carnaval é entretenimento e turismo na veia. Deve ser levado a sério. Só quem deve brincar com Carnaval é o folião.”

Após um carnaval de alegria e magia, desejamos, brasileiramente, um feliz 2024!

Roberto Pereira, ex-secretário de Educação e Cultura de Pernambuco e membro da Academia Brasileira de Eventos e Turismo (Abevt).

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