OPINIÃO

Agora o ano começou

Um ano novo feliz para todos!

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SÉRGIO GONDIM

Publicado em 16/02/2024 às 0:00 | Atualizado em 16/02/2024 às 8:25
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Que o ano começa depois do carnaval e que o melhor de fevereiro é o Galo da Madrugada, todo mundo sabe. O pior é a lista de impostos que chega junto. É um mês para ter alegria, mas também para sentir o trabalho saindo pelo ralo, sem compensação à altura. Época de ver e ouvir a beleza do frevo arrastando a multidão, mas sentir um frio na espinha ao perceber que um batuque grosseiro quer se meter e estragar a festa. É um tempo bom para curtir o calor e a sombra fresca, mas sabendo que vem com a proliferação do mosquito e a Dengue. Para se orgulhar do Butantan nas páginas do respeitado The New England Journal of Medicine com sua vacina em dose única e se envergonhar com o esgoto à flor da terra em pleno 2024. Saber que o ano começa com mais sinais do aquecimento global, torcendo para aquecer também a economia com queda do desemprego. Felizmente, pelo menos até agora, o fim do mundo anunciado por muitos, ainda não aconteceu.

Deputados, senadores e vereadores voltam ao trabalho. Quer dizer, mais ou menos. Dão todos os sinais de que ainda não é esse o legislativo que sonhamos. Temos um novo orçamento, mas nas entrelinhas os jabutis provocarão déficit que no final das contas será pago por quem menos tem. Aprovarão leis que poderão valer ou não e seria bom que não se ocupassem concedendo títulos de cidadão para jogadores do seu time de futebol.

O novo ano chega mais arejado no poder central e com a opinião pública vigilante para evitar velhas ideias e freio de mão puxado para que os erros não se repitam.

Fevereiro vem com festas de verão, muitas vezes esquecendo que também voltam as aulas, os livros, a merenda, o fardamento e os professores que precisam pagar o IPTU.

Já era sabido que logo iria nevar no Recife, até o filme mostrou, mas prefeito bem avaliado e bem-humorado pode fazer muito bem à cidade.

Serão anunciadas novas apreensões de carregamentos de drogas, sem a prisão dos chefes, fazendo imaginar quantas narinas são necessárias para inalar tantas toneladas, alimentando a criminalidade que mata com particular brutalidade, em patamar maior do que muitas guerras.

E o Papa? Deu uma benção arretada, chamando à reflexão os tantos países católicos que ainda condenam à prisão perpétua enquanto o papa abençoa.

Começa também o campeonato pernambucano de futebol, só para mostrar que cresce como rabo de cavalo, na contramão do resto do nordeste.

O ano começa mantendo a esperança no futuro da democracia, ao mesmo tempo em que dá conhecimento de como a certa altura esteve por um fio. Também começa o ano judiciário, com cada presidente em seu respectivo lugar. Ainda bem. Fevereiro fortaleceu a visão de que alguns do judiciário sonham estar em outros poderes, apesar de fundamentais em seus lugares e apenas neles. É verdade que o país precisa aprender em tempo quem tem competência para receber um processo e, julgando sob a mesma lei, espera um mínimo de concordância na sua interpretação. Em 2024 quem quiser ser vidente famoso, basta anunciar a previsão das sentenças supremas. Até o placar do julgamento é fácil de acertar, tanto é que se entrassem nas casas de apostas despertariam suspeita de manipulação de resultados.

Ao final, apesar de receber tantas críticas, algumas merecidas, sem o judiciário não teria havido carnaval.

Um ano novo feliz para todos!

Sérgio Gondim, médico

 

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