OPINIÃO

A história da humanidade

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FÁTIMA QUINTAS

Publicado em 21/02/2024 às 0:00 | Atualizado em 21/02/2024 às 14:46
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Viver é a melhor forma de recordar. O passado jamais se encanta na lembrança de cada um. O que o ontem acolhe serve de alimento vida afora. Tenho a sensação de que nada se exclui na história da existência. Vale retomar os instantes que se foram porque jamais se apagam. Somos o retrato de uma época finda. E a realidade se adapta aos nossos encantos. Sinto-me feliz em retomar os antigos momentos, porque, na verdade, nunca desaparecem da nossa mente; reforçam a cada dia a estrutura do indivíduo. Afinal, a memória se eleva com o tempo. Há um respeito nato em relação ao passado dentro de cada um. Nada desaparece na formatação do Eu. Sou igual a todo o mundo; assim, a multidão concebida se torna realidade absoluta. São tantas as lendas que nada se dilui entre os rodeios do momento. A existência fortalece a história da humanidade.

Importa dissecar, passo a passo, as miudezas de cada um. Há um desenho pleno de evolução. A mente fala baixinho, mas, às vezes, tão alto que incomoda os suspiros diários. Pouco importam descobertas contínuas. Evoluem na temporalidade individual. Vejo-me todos os dias, nunca sei quem sou. Ainda bem! Assim, o resgate torna-se mais valioso. Encanto-me diante dos cenários, novos e antigos. Não existem diferenciações neste tempo tão único e tão ambíguo. Vou e volto numa mesma caminhada. O processo da lembrança se exacerba. Os momentos somam a cadeia em evolução. Saberei preservá-los com o máximo de cautela. Rejeito esquecimentos. Abraço renovadas realidades. Que assim seja... A lembrança diária transborda em cada um. Basta existir para ter consciência de um tempo infindo. São tantos os retratos que se formulam que jamais poderei olvidá-los. Necessito de infinitas recriações. Então, transbordo-me na fantasia do que fui e do que sou. Que mais poderei dizer se a intensidade ontológica se renova a cada instante? Melhor assim. Vale bater palmas para a nossa criatividade. Invento, reinvento e nada se esgota. Haverá sempre uma infinita evolução. Nada escapa ao pensamento. Quantas vezes desfaço a multidão de fantasmas que me cerca? Preciso ir além do que imagino. Nada se dilui com o instante. Ao contrário: multiplica-se. Desejo percorrer o mundo em pensamento. Assim, duplico a capacidade de reinventar os fatos.

Não sei como me conduzir. Perdoem-me o excesso de imagens impossíveis ou possíveis. A palavra me espanta, porém, permito-me reconduzi-la à toa. Faço o que posso e o que não posso. Perco-me diante do tudo e do nada!... Não adianta inferir o que me parece impossível. Caminho por todos os lados, há uma passarela especial. Jamais devo ignorá-la. Urge aceitar o percurso. E não dizer nada. Talvez o silêncio ajude a decifrar enigmas. Não todos, alguns. Seguir adiante é o que há de mais urgente. E os caminhos se perdem nos próprios enigmas. Estou cansada, confesso. Mas os circunlóquios são tantos que urge levá-los para frente. Há um certo prazer no cansaço. Assumirei os detalhes da jornada. E um dia, transbordarei todas as minúcias...

Fátima Quintas, da Academia Pernambucana de [email protected] 

 

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