Opinião

Educação e contexto social

Formar pessoas convictas, eis o desafio

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ROBERTO PEREIRA

Publicado em 10/03/2024 às 15:38
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Dentre os vários papéis da Escola, um deles é o de oferecer ao aluno a salutar oportunidade de aprender a saber caminhar firme pela vida, levando consigo a certeza de uma vocação escolhida e abraçada, com lucidez, sabedoria, segurança e convicção.

Formar pessoas convictas, eis o desafio. Pessoas que saibam refletir diante das urgências de se construir uma sociedade voltada para o amanhã, e que tenham, no pensamento crítico e cognitivo, o seu cabedal de conhecimento diante das adversidades à nossa frente.

Não podemos mais admitir a vivência num mundo incoerente e desumano, corrupto, enganador, áspero e violento. Diante desse cenário angustiante, há que se descobrir, corajosamente, um projeto de vida, pelo qual se possa instaurar os alicerces para um convívio mais ameno e menos cruel.

Desejamos uma sociedade mais humana, mais digna, mais fértil, cujos membros sejam significativos, capazes de uma nova história construída.

Urge, pois, fazer acontecer essa nova história. Para tanto, necessário se faz compreender o homem em toda a sua plenitude. Analisá-lo à luz de suas ações, do seu modus vivendi, da natureza e da estrutura de sua cultura.

À luz das novas e sempre crescentes necessidades da época presente, cabe reexaminar os propósitos da Escola, quanto ao que vem a ser educar.

As rápidas modificações pelas quais passa a sociedade atual, as mudanças vertiginosas operadas através da tecnologia, as alterações dos padrões de vida das famílias, tudo isso nos faz sentir a urgência de um posicionamento diferente diante do imenso contingente dos que anualmente batem às portas das instituições escolares ansiosos por um ensinamento que os torne construtores de sua própria história, do seu próprio destino.

A vida contemporânea se reveste de alto grau de complexidade. Para que o educando alcance o seu maior objetivo, progrida e avance no caminho da perfeição, transforme-se em cidadão responsável, solidário com o meio a que pertence, faz-se necessário um ensino gradual, permanente e dinâmico.

Para que tal aconteça, há que se pensar numa Escola fundamentada em reformas coerentes e em consonância com os apelos a que o homem moderno está submetido, forçando-o a incorporar experiências novas.

Daí por que a educação não pode prescindir do concurso dos meios de comunicação. Uma grande parte da vida humana é hoje invadida pela mídia social, pela internet, pelo instagram e facebook, e, de forma nenhuma, pode ficar à margem da vida escolar. Por quê? Porque todos eles transmitem conhecimentos, mesmo que assistematicamente, mas transmitem.

À Escola caberá selecionar essas informações e mensagens veiculadas, em forma de ensino-aprendizagem, pelo fato de representarem um paralelismo à formação do jovem aluno, a quem não se pode negar o direito de aprender, por que aprender e como aprender.

Uma sociedade será tanto mais perfeita, mais representativos os seus membros, quanto mais a educação for entendida como vital instrumento de mudança comportamental, de enriquecimento do educando, em todos os níveis.

A realidade que nos cerca, fantástica e ameaçadora, exige postura nova de quem recebe da sociedade a difícil tarefa de traçar rumos, de inovar.

Estamos na época das multidões e somos parte delas. As multidões multiplicam e fragmentam o ser. Gestos e palavras passam a representar, muitas vezes, convulsões do momento. A Escola, porém, não pode ser fragmentada: caminho interrompido não leva a lugar nenhum.

Uma Escola plural sem perder a individualidade de cada aluno, do aluno todo, pulsante na preparação da argamassa à construção de cada qual com cada qual.

Que o processo educacional seja capaz de promover, em cada aluno, um estudante, artífice do seu futuro!

Roberto Pereira, ex-secretário de Educação e Cultura de Pernambuco e membro da Academia Brasileira de Eventos e Turismo (Abevt).

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