OPINIÃO

Henry Kissinger recebeu R$ 500 mil por uma palestra no Recife

Depois do evento, participou de jantar com os patrocinadores do evento, no restaurante do Hotel Sheraton, quando se mostrou descontraído e conversou com muitos convidados, sempre fazendo perguntas sobre Pernambuco e o Brasil.

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JOÃO ALBERTO MARTINS SOBRAL

Publicado em 15/03/2024 às 0:00 | Atualizado em 15/03/2024 às 7:47
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Henry Kissinger, secretário de Estado dos Estados Unidos nos governos de Richard Nixon e Gerald Ford, Prêmio Nobel da Paz de 1973 e que faleceu no ano passado, aos 99 anos, esteve duas vezes no Recife. A primeira em 1987, quando era secretário de Estado, e em 1997, quando foi a grande atração da 1ª Bienal de Administração e Tecnologia de Pernambuco. Parceria do Instituto de Administração e Tecnologia ADM & TEC e a agência de publicidade Gruponove, evento foi criado para colocar o Recife no circuito nacional dos grandes nomes internacionais, aconteceu no Centro de Convenções, atraindo pessoas de vários estados do Nordeste.

Na época ele ainda era um dos homens mais poderosos do mundo e os coordenadores do evento, Elder Lins Teixeira, Cecília Freitas e Sérgio Kano, tiveram muito trabalho para localizá-lo. Depois de várias tentativas sem sucesso, conseguiram chegar pela forma mais simples: a lista telefônica de Nova York. Sua secretaria pediu dados do evento, revelou as datas disponíveis e o custo, US$ 100 mil (R$ 500 mil a preço de hoje) com metade sendo paga à vista, a outra depois da palestra. Tudo muito mais fácil do que imaginavam. Ele não pediu passagem aérea. A viagem foi num jatinho de um empresário seu amigo, que depois o acompanhou a um encontro com o presidente Fernando Henrique Cardoso, em Brasília. Veio também um segurança particular. Os três ficaram hospedados no Sheraton Petribú, em Piedade, ele na suíte presidencial. Lá teve apenas três encontros: com Francisco Falcão, presidente do Tribunal Regional Federal; com o secretário estadual de Planejamento João Recena, que fez uma exposição sobre a economia pernambucana e com uma comitiva da comunidade judaica, comandada pelo professor Salomão Jarolavsky, uma espécie de cônsul de Israel.

Sua segurança foi uma grande preocupação dos organizadores do evento. O Consulado dos Estados Unidos respondeu que nada poderia fazer, pois ele não pertencia mais ao governo norte-americano, era um cidadão comum. Foi feita então, uma parceria com a Nordeste Segurança de Valores, através do seu presidente, major Hilson Macedo. Um detalhe tranquilizou os promotores: Sérgio Kano, também judeu, recebeu telefonema de uma pessoa não identificada que afirmou fazer parte da Mossad agência israelita era responsável pela segurança de Kissinger em seus deslocamentos internacionais. Afirmou ainda que não mais faria contato e que seus encarregados da segurança não seriam identificados em momento algum.

Na palestra, sobre o Cenário Político e Econômico Internacional, que superlotou o Teatro Guararapes e atraiu jornalistas dos principais jornais do país foi muito simpático e começou se dirigindo ao governador Miguel Arraes, que estava na mesa, brincando, que na primeira vez que tinha vindo a Pernambuco, em 1987, ele também era o governador e até lhe ofereceu um jantar no Palácio do Campo das Princesas. Um detalhe importante na sua palestra disse que o mundo iria ver, em 10 anos, a importância do protagonismo internacional da China. Já na época mostrava como era bem informado. Foi uma excelente palestra.

Depois do evento, participou de jantar com os patrocinadores do evento, no restaurante do Hotel Sheraton, quando se mostrou descontraído e conversou com muitos convidados, sempre fazendo perguntas sobre Pernambuco e o Brasil. E sobre futebol, uma das suas paixões, inclusive tendo ida a várias Copas do Mundo. Como curiosidade, falou do Ibis, conhecido como o pior time do mundo, prometendo leva-lo para um jogo em Nova York. No final, perguntou se tinha agradado e se tinha atendido às expectativas. Agradou e muito...

João Alberto Martins  Sobral, jornalista e editor da coluna João Alberto no Social 1

 

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