Iniciativa para melhorar o mundo
O Brasil, com inúmeros problemas graves, precisa implantar muitos Think-Tanks com modelo semelhante ao de Harvard. Será um grande diferencial. Já há iniciativas, entre outras: Cátedras Instituto Ayrton Senna e Sérgio Ferreira/USP, Fundações Maria Cecília Souto Vidigal e FHC, Instituto IPERID.
Rosabeth Moss Kanter, professora da Universidade de Harvard, uma das 50 mais influentes pensadoras sobre negócios no mundo (Thinkers 50) e uma das maiores especialistas mundiais em estratégia, inovação e gestão, teve a visão de criar em 2009 a fellowship, Advanced Leadership Initiative . É um Think-tank (Tanque de Pensar) para desenvolver projetos para melhorar o mundo. Atualmente reúne mais de 600 fellows, com formação e experiência profissional diversa, líderes em 48 países. 12 brasileiros participam. Formam importante rede de compartilhamento de conhecimentos para resolver problemas de grande relevância social.
A viabilização da iniciativa contou com professores líderes de várias faculdades em Harvard: Negócios, Direito, Educação, Governo e Organizações sem fins de lucro, Saúde Pública, Medicina. Juntou-se ao grupo um Diretor, experiente em recrutamento e seleção de profissionais desse calibre.
O programa é baseado em casos reais. A universidade tem um arquivo de mais de 30 mil casos originados no mundo empresarial, social e político, de muitos países. Ao final de um semestre, os fellows apresentam seus pré-projetos aos professores e participantes de anos anteriores. Os convidados podem sugerir melhorias e/ou possibilidades de parcerias. Em semestre seguinte, o foco é a elaboração do projeto final.
Os fellows têm acesso aos recursos tecnológicos e intelectuais da universidade, que conta com 35 bibliotecas, inúmeros laboratórios, um corpo docente com relevantes projetos de pesquisa aplicada e alunos brilhantes de muitos países. Assistem aulas, participam de conferências e palestras, apoiam alunos como mentores e visitam instituições de referência nacional e internacional. Por Harvard passam regularmente laureados com prêmio Nobel, presidentes e primeiro ministros de muitos países, políticos, CEOs de organizações americanas e multinacionais.
Tudo é concebido para estimular a educação global e o empreendedorismo social. Conceituando-se "empreendedor social" como um líder transformador de sistemas, do status quo, que cria modelo para que a mudança seja sustentável social e economicamente sem depender exclusivamente de doações e/ou fundos governamentais. É líder para uma sociedade melhor; indivíduo com soluções inovadoras para os problemas críticos da sociedade. É perseverante, tem um propósito e paixão por causas que gerem impacto positivo com o objetivo de deixar um legado.
A inspiração e motivação para os projetos acontecem pela vontade de mudar, a exemplo dos cases: 1) Sistema de microcrédito para a criação de negócios sustentáveis, com o objetivo de eliminar a pobreza. Não apenas aliviá-la, mas, alterar a dinâmica do sistema, as causas e os pilares que mantém as famílias pobres e sustentam a pobreza do país; 2) Instituição educacional para formar cidadãos e líderes globais, referência para estimular a melhoria do sistema educacional de um país, inovadora em gestão escolar e sistema de ensino e aprendizagem; 3) Modelo político-econômico para acabar com a cultura inflacionária do país; 4) Conjunto de ações para reduzir a corrupção do país radicalmente, entre outros.
Em síntese, os fellows são orientados, para desenvolver projetos inovadores e transformadores, como diz, William Drayton, empreendedor social e criador da Ashoka, "o trabalho não é dar peixe às pessoas, não é ensiná-las a pescar, é construir uma nova e melhor indústria de pesca". A transformação do status quo requer que o líder identifique e compreenda o problema, as causas e as razões; defina metas e prazo para a mudança; crie um modelo e processo que eliminem as causas do problema, avalie o impacto da mudança e escalone o modelo e a solução.
O Brasil, com inúmeros problemas graves, precisa implantar muitos Think-Tanks com modelo semelhante ao de Harvard. Será um grande diferencial. Já há iniciativas, entre outras: Cátedras Instituto Ayrton Senna e Sérgio Ferreira/USP, Fundações Maria Cecília Souto Vidigal e FHC, Instituto IPERID. Nos Estados Unidos e em outros países, universidades implantam em larga escala.
Eduardo Carvalho, autor do livro Global Changemaker