OPINIÃO

O presidente Juscelino Kubitschek foi destaque na "Noite de Black-tie"

O programa era exibido nos sábados, às 20h, na TV Jornal, e reunia cantores, bailarinos, humoristas e sempre uma ou duas grandes atrações nacionais.

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JOÃO ALBERTO MARTINS SOBRAL

Publicado em 24/05/2024 às 0:00 | Atualizado em 24/05/2024 às 9:27
Notícia

O programa "Noite de Black-tie" foi o segundo programa de auditório a entrar no ar na TV Jornal do Commercio, uma semana depois do pioneiro "Você Faz o Show", de Fernando Castelão. Tinha o mesmo esquema de luxo e a presença, na primeira fila do auditório, de Francisco Pessoa de Queiroz, com Dona Lotinha, que recebiam seus convidados, sempre pessoas de prestígio na cidade. Muitas vezes, o governador, o prefeito do Recife, senadores, deputados. Era exigido o traje passeio formal, com paletó e gravata para os homens, vestidos de grife para as mulheres. Dispensável dizer que os convites eram disputadíssimos.

Era exibido nos sábados, às 20h e reunia cantores, bailarinos, humoristas e sempre uma ou duas grandes atrações nacionais. Que depois do programa, costumavam se apresentar nas festas realizadas pelos principais clubes sociais da cidade, como Internacional, Português, Náutico e Iate. Havia sempre uma disputa nos bastidores, com o "Você Faz o Show" para trazer as maiores atrações. Com uma grande orquestra, regida pelo maestro Guedes Pereira, que acompanhava os artistas locais e de fora, não havia ainda o hábito dos cantores de terem suas próprias orquestras.

Inicialmente foi comandado, com os dois sempre de smoking, por Luiz Geraldo e Barbosa Filho, este um famoso comentarista esportivo. Que ficou apenas um ano na apresentação do programa, tendo saído por decisão do senador F. Pessoa de Queiroz, que não concordou com a forma descontraída como ele se dirigiu a Cid Sampaio, então governador de Pernambuco. Foi demitido ainda no camarim da rádio e da TV e acabou indo para São Paulo, contratado pela Rádio Bandeirantes. O programa terminava às 22h, mas muitas vezes tinha uma prorrogação, de até uma hora, quando a principal atração fazia muito sucesso.

Um dos quadros de maior repercussão foi "Cadeira de Engraxate", com Ruy Cabral, que fazia perguntas embaraçosas, como aconteceu com o então presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek, que levou tudo com muito humor. Foi inspirado nas cadeiras de engraxate que haviam por várias partes da cidade, especialmente na Avenida Guararapes. Alguns engraxates ficaram conhecidos e faziam questão de conversar com os clientes.

Em outra oportunidade, já dentro do carro, depois de um show, Roberto Carlos foi procurado com o pedido do senador para ir ao seu gabinete, Alegando estar muito cansado, disse que receberia ele no seu apartamento. E o senador foi até o Hotel São Domingos, com as netas que queriam conhecer o cantor. E rolou uma conversa de mais de uma hora.=

Também dividiram a apresentação da "Noite de Black-Tie", com Luiz Geraldo, Carmem Peixoto, Rosana Gonzales, Cacilda Lanuza e Floriza Rossi. Entre as atrações nacionais que se apresentaram Roberto Carlos, Wanderléa, Erasmo Carlos, Hebe Camargo, Lolita Rodrigues, Elza Soares, Maysa, Dick Farney, Nelson Gonçalves, Jair Rodrigues, Orlando Silva, Ivon Curi e uma das orquestras mais famosas do mundo, do maestro norte-americano Ray Conniff.

O programa terminou em 1968 e Luiz Geraldo seguiu vitoriosa carreira com sua agência de publicidade, a Aliança Propaganda, até falecer, em 2019. Outro que foi para a propaganda, foi seu irmão Antônio Carlos Vieira, que era o produtor do programa. Os maiores patrocinadores foram "Pilar", "Mesbla", "Armazém Triunfo", "Cinzano", "Telefunken", "Lojas Ortega" e "Casa das Lâmpadas". A Varig transportava as atrações nacionais, que ficavam no Hotel São Domingos.

João Alberto Sobral, editor da Coluna João Alberto no Social 1

 

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