Um fio de esperança
Apesar dos benefícios da conexão pessoal das redes sociais, há uma preocupação relevante. O excesso do uso dessas redes, principalmente por parte das crianças, levanta questões sérias sobre os impactos na saúde mental e no desenvolvimento social dos jovens.

Sean Parker, o antigo presidente do Facebook, já expressou preocupações sobre os malefícios do excesso das redes sociais. Em entrevistas e discursos, ele destacou como as redes sociais são projetadas para explorar vulnerabilidades psicológicas e viciar os usuários. Parker mencionou que as redes sociais, como o Facebook, foram criadas com o objetivo de consumir o máximo de tempo e atenção possível das pessoas, o que pode ter consequências negativas para a saúde mental e o bem-estar social.
Athena Chavaria, uma ex-executiva do Facebook, também compartilhou preocupações semelhantes. Imagine agora o estrago em um cérebro em desenvolvimento.
Então, o que devemos fazer enquanto cidadãos e pais? Até hoje, parece não haver estudos aprofundados indicando que a privação de telas para uso recreativo poderia conduzir ao isolamento social ou a qualquer transtorno emocional. No entanto, um grande número de pesquisas enfatiza o impacto densamente prejudicial dessas ferramentas sobre os sintomas de depressão e de ansiedade em jovens e crianças. A opção parece clara: não se trata de proibir todo acesso digital, e sim de assegurar que o tempo de uso permaneça dentro de limites saudáveis e não prejudiciais. Regras precisam ser claras e obedecidas. Nada de sentimento de impotência, pois a condução é sempre dos pais ou responsáveis.
Segundo o pesquisador e neurocientista francês Michel Desmurget (autor do best-seller "A Fábrica de Cretinos Digitais: O Perigo das Telas para Nossas Crianças"), existem sete regras fundamentais: 1- Ausência de telas até os 6 anos; 2- Depois dos 6 anos, de trinta a uma hora por dia; 3- Quartos sem telas digitais; 4- Ausência de conteúdos inadequados; 5- Nunca antes de ir para a escola; 6- Nunca à noite, antes de se deitar; 7- Uma coisa de cada vez (nunca em horário de refeições, dos deveres e da socialização familiar).
Não podemos menosprezar os ganhos advindos da tecnologia, especialmente das aproximações que podem ser feitas pelas redes sociais, mas todo excesso é perigoso. Menos telas significam mais vida. A conscientização saudável contra os problemas de atenção, de linguagem, de impulsividade, de memória, de agressividade, de sono, de desempenho escolar, etc., causados pelas telas.
A grande questão não é sobre nossas crianças estarem sempre conectadas, mas com o que, de fato, estão se conectando e com o que estão deixando de se conectar na vida real.
Christiana Cruz, mestra em Educação e diretora do Colégio Madre de Deus