Inclusão: a chave para uma educação mais justa

Cientistas e profissionais da educação entendem e reforçam que a convivência entre pessoas com e sem deficiência é benéfica para todos....

Publicado em 06/08/2024 às 0:00 | Atualizado em 06/08/2024 às 21:16

A inclusão é um pilar essencial para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa. No contexto educacional, a inclusão vai além de simplesmente inserir alunos divergentes no ambiente escolar. Trata-se de criar um espaço onde todos os estudantes, independentemente de suas habilidades ou dificuldades, se sintam acolhidos, compreendidos e capazes de alcançar o seu pleno potencial. Medidas inclusivas na educação são necessárias para garantir que alunos neurodivergentes possam participar ativamente na escola, na vida e na sociedade como um todo.

De 2022 a 2023, no Brasil, o número de crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA), por exemplo, matriculados em salas de aula comuns — ou seja, junto com alunos sem deficiência — aumentou 50%: saltou de 405.056 para 607.144, segundo dados do Censo de Educação Básica.

Cientistas e profissionais da educação reforçam que a convivência entre pessoas com e sem deficiência é benéfica para todos - tanto do ponto de vista social (compreensão das diferenças, cidadania, melhora na capacidade de comunicação) quanto do cognitivo (a escola deve apresentar os conteúdos de maneira que todos os estudantes possam aprender e desenvolver o pensamento lógico, o raciocínio matemático ou conhecimento histórico, por exemplo). No entanto, o problema é que a matrícula é só o primeiro passo - e as etapas subsequentes ainda deixam a desejar. Não basta apenas "permitir" a entrada da criança. É preciso garantir a permanência, a participação e a aprendizagem. O aluno deve frequentar as aulas, aprender e participar das atividades. Afinal, incluir não é apenas convidar para o baile, mas sim chamar para dançar.

Para que a inclusão seja efetiva, é necessário adotar uma série de medidas que envolvam toda a comunidade escolar, a exemplo de como temos realizado na Academia Dulino, como programas de capacitação contínua para professores, gestores, pais, cuidadores e acompanhantes terapêuticos, proporcionado o conhecimento e as ferramentas para que a inclusão seja uma realidade em todas as escolas.

Os cursos oferecidos precisam não apenas ensinar técnicas e métodos específicos, mas também promover uma mudança de mentalidade. Ao compreenderem profundamente os desafios enfrentados pelos alunos neurodivergentes, os agentes do aprendizado estão mais preparados para criar ambientes educacionais verdadeiramente inclusivos. Outro ponto são os currículos escolares, que devem ser flexíveis o suficiente para acomodar as diferentes formas de aprendizado, o que pode incluir a modificação de materiais didáticos, a implementação de tecnologias assistivas e a criação de atividades que permitam a participação de todos os estudantes.

A implementação de programas de inclusão eficazes requer um compromisso de toda a comunidade escolar. Todos os agentes do processo educacional - professores, gestores, pais, cuidadores e terapeutas - devem estar alinhados com os princípios da inclusão e preparados para agir de acordo com eles. Isso inclui a criação de políticas claras, a alocação de recursos adequados e a promoção de uma cultura escolar que valorize a diversidade.

A inclusão escolar não é apenas uma necessidade; é um direito. Ao investir em medidas inclusivas, estamos criando uma sociedade que valoriza e respeita a diversidade, garantindo que todos os indivíduos tenham a oportunidade de aprender e se desenvolver em sua plenitude.

Raphael Gadelha, especialista em educação tecnológica e CEO da Dulino

 

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