O Girassol e o Aniversário
....O leitor perdoará ao colunista a emoção de pai e a frustrada pretensão poética? Não sei. É mais forte que eu........ mais de 30 anos depois....
Esta poesia foi para a celebração dos 11 anos de Fernanda. Hoje, mais de 30 anos depois, no dia de seu aniversário, quero dividir estes versos com o leitor.
Vê: abriu-se a caixa da poesia
E logo espocaram atrevidos girassóis.
Como para brindar a chegada da flor,
Luzes e fogos de artifícios
Desenrolaram, tal no filme,
Pequenos, grandes - inesgotáveis mundos.
Primeiro, grandes labaredas que não ardiam
Mas acariciavam a pele de quem as tocasse
E invadiam o ser com tranquilidade, paixão e êxtase,
Beatificando o pecador.
Repara: parece que o mundo - o restante do mundo
Esvaneceu-se
E ficou apenas um fogo intenso que não fere.
Antes, é lenitivo, água e leveza
Protegendo o corpo que queima.
Depois, milhares de duendes, bonecas, todas de trança
E com seu permanente sorriso.
Porque inventaram no mundo restante a boneca que chora,
Todas elas não param nunca: são feitas para sorrir.
E passa cavalo, pipoca, sorvete, doce e chocolate
Cachorro, cachorra, cadela
Quem será a mais bela? Quem será a mais bela?
Logo, sozinha e recatada, uma senhora
De vestido fechado até o pescoço e comprido ao calcanhar
Cabelos negros presos e óculos de grau
E mais nada: apenas a certeza plena do olhar.
Uma cantiga de roda se ouve ao longe:
Vêm vindo as crianças que vivem de mãos dadas.
Cada uma segura a outra forte mas suavemente
E jamais se largam e são alegres e bonitas
Cantando num só tom
Sem que se possa distinguir a voz uma da outra.
E ninguém sabe como fazem tudo sem largar
Uma à outra; mas tudo fazem, como todos os solitários,
Sem a tristeza da solidão.
E são esses atrevidos girassóis,
A que chamamos palavras,
Amor,
Fantasia,
Retidão e
Solidariedade,
Que puxo da caixa colorida da poesia,
Para te dar neste aniversário, Fernanda,
Minha filha
João Humberto Martorelli, advogado