Na quadratura da vida
A pessoa, um ser prismático, cheia de faces e de arestas. Pobre de gestos. Ambiciosa. Desencontrada. O caráter em trilhos tortuosos, nada retilíneo
Nascimento, vida e morte! Eis o ciclo biológico do Homem. Nessa tessitura, um enigma, o “x” da questão: qual o ponto futuro de cada um? Para uns, do telhado para cima, apenas o sobrevoo dos pássaros e dos cilindros metálicos, dos aviões e foguetes, estes diminuindo as distâncias entre dois planos. Para outros, na maioria, a crença em Deus.
Porém, no paralelismo entre os que creem e os que descreem, nesse feixe, algumas transversais. Um entrecortar de desacertos. Perpendiculares e oblíquas. A pessoa, um ser prismático, cheia de faces e de arestas. Pobre de gestos. Ambiciosa. Desencontrada. O caráter em trilhos tortuosos, nada retilíneo, em tudo contrariando a obra da criação, vivendo sem perspectivas mais sublimes, sem horizontes com vista à sua planificação.
Nesse sistema, de equações e variáveis, coeficientes e incógnitas, incompatível, a cada instante, o devaneio e o deslumbramento de todos com o mundo maravilhoso da tecnologia onde os avanços da eletrônica, da informática, da cibernética, impressionam e dão a entender um homem-deus desafiando o Deus-Homem, verdade, caminho e vida.
Ética e ótica, moral e fé, amor e esperança, misericórdia e compaixão, referenciais que se afastam da retina e da rotina dos homens.
A vida, na sua concepção geométrica, não vem tão redonda quanto o mundo. Há uma quadratura desafiando-nos. O ir-e-vir, o côncavo e o convexo, altos e baixos, oscilações do tempo, das instâncias e circunstâncias, a roda gigante girando à nossa frente como se fôssemos apenas expectadores desse fluxo/refluxo que instabiliza os pobres de espírito, os agnósticos, os que buscam a supremacia por essas paragens, esquecendo-se da outra topografia, dos caminhos de Deus, para os quais deveríamos já estar andando, porque, a cada dia, mais perto estamos dessa destinação inevitável e eterna quando voltaremos à terra apenas sob a forma de pó. Não esqueçamos o que sempre repito: a soma das horas é a subtração dos dias
A arquitetura divina não aceita assimetrias. A retidão, o seu apanágio, jamais atingida pela inteligência humana nesta vida. Nisto não vai nenhuma afronta à nossa capacidade criadora. Ao contrário, segundo as palavras do Cristo Jesus, o apelo feito a todos, sem exceção: Sede perfeitos! Sim, perfeitos. Sem sinuosidades, fugas, incoerências, apostasias, sendo “crentes de credo sem as heresias dos mandamentos”.
“Somos espíritos numa experiência humana.” Portanto, estamos na Terra para um dia, na eternidade, sermos o que somos: espíritos.
Na aritmética dos números, uma indagação: somar os bens materiais ou os espirituais? Eis a questão e o desafio. O prumo e o rumo. O Norte e o Sul, uma bifurcação à liberdade de escolha. Segundo Bergson, escolher é excluir. Que Deus seja acolhido em nossos corações, em nossa fé. Tudo o mais, se não for para o bem, que seja excluído. Assim seja!
Roberto Pereira, ex-secretário de Educação e Cultura de Pernambuco, membro da Academia Brasileira de Eventos e Turismo.