Patrimônio cultural?
O Cartão de visita de Olinda é um vexame. A situação eterniza-se sem nenhuma providência dos prefeitos que passam pela cidade........

Todo brasileiro sabe que Olinda ostenta, com merecimento e orgulho, o título de Cidade Patrimônio e Cultural da Humanidade, concedido pela Unesco, mas seus administradores, através dos tempos e cada vez mais, parecem não valorizar isso. Trocam sua conservação e cultura por festejos, cada vez mais, o reinado de Momo relegando o zelo pela sua urbanização, higienização e limpeza para segundo plano.
Quem atravessa o limite dos municípios entre Recife e Olinda pela Av. Olinda, Salgadinho (divisa Olinda/Recife), encontra à sua direita a Escola de Aprendizes Marinheiros de Pernambuco, criada pelo Decreto Imperial n° 2003 de 24 de Outubro de 1857, por decisão do Imperador Pedro II em razão da necessidade de se solucionar dificuldades de pessoal para o serviço naval. É um prédio bonito e bem conservado que merece ser visitando.
Prosseguindo em frente, o visitante encontra à direita enorme terreno. Quando eu morava em Olinda e frequentava assiduamente as sessões do Instituto Histórico e da Academia Olindense de Letras aos quais pertenço, tive a ideia de pedirmos à Prefeitura para providenciar junto ao órgão competente, a limpeza, o plantio de coqueiros anões e a conservação desse terreno. Nosso pedido foi atendido mas depois a área foi abandonada, derrubaram o coqueiral, o matagal cresceu e é hoje o primeiro choque visual que o visitante tem ao chegar ao destino pretendido.
Seguindo adiante, pela mesma Estrada, temos a pequena ponte sobre o Rio Beberibe, de águas negras, poluídas e de mal cheiro que encontram a praia Del Chifre, de má fama e despejam no mar poluindo parte do litoral, prejudicando o chamado banho salgado. Ultrapassada a pontezinha, temos logo à esquerda os escombros de cimento da ex-sede da revendedora de veículos falida Olinda-Motor. Defronte, a favela do Maruim de sugestivo nome. Esta é a entrada vergonhosa com que a Marim dos Caetés "acolhe" os turistas.
Ao alcançarmos o Varadouro, é melhor não dobrarmos à esquerda para não esbarrar e tropeçar nos entulhos de um cinema tradicional que hoje abriga mendigos, papudinhos e vagabundos, que se espalham pela praça. A situação eterniza-se sem nenhuma providência dos prefeitos que passam pela cidade. O Cartão de visita de Olinda é um vexame.
Arthur Carvalho, do Instituto Histórico de Olinda, Academia Olindense de Letras e Cidadão Honorário de Olinda.