Patrimônio cultural?

O Cartão de visita de Olinda é um vexame. A situação eterniza-se sem nenhuma providência dos prefeitos que passam pela cidade........

Publicado em 06/11/2024 às 0:00 | Atualizado em 07/11/2024 às 10:29

Todo brasileiro sabe que Olinda ostenta, com merecimento e orgulho, o título de Cidade Patrimônio e Cultural da Humanidade, concedido pela Unesco, mas seus administradores, através dos tempos e cada vez mais, parecem não valorizar isso. Trocam sua conservação e cultura por festejos, cada vez mais, o reinado de Momo relegando o zelo pela sua urbanização, higienização e limpeza para segundo plano.

Quem atravessa o limite dos municípios entre Recife e Olinda pela Av. Olinda, Salgadinho (divisa Olinda/Recife), encontra à sua direita a Escola de Aprendizes Marinheiros de Pernambuco, criada pelo Decreto Imperial n° 2003 de 24 de Outubro de 1857, por decisão do Imperador Pedro II em razão da necessidade de se solucionar dificuldades de pessoal para o serviço naval. É um prédio bonito e bem conservado que merece ser visitando.

Prosseguindo em frente, o visitante encontra à direita enorme terreno. Quando eu morava em Olinda e frequentava assiduamente as sessões do Instituto Histórico e da Academia Olindense de Letras aos quais pertenço, tive a ideia de pedirmos à Prefeitura para providenciar junto ao órgão competente, a limpeza, o plantio de coqueiros anões e a conservação desse terreno. Nosso pedido foi atendido mas depois a área foi abandonada, derrubaram o coqueiral, o matagal cresceu e é hoje o primeiro choque visual que o visitante tem ao chegar ao destino pretendido.

Seguindo adiante, pela mesma Estrada, temos a pequena ponte sobre o Rio Beberibe, de águas negras, poluídas e de mal cheiro que encontram a praia Del Chifre, de má fama e despejam no mar poluindo parte do litoral, prejudicando o chamado banho salgado. Ultrapassada a pontezinha, temos logo à esquerda os escombros de cimento da ex-sede da revendedora de veículos falida Olinda-Motor. Defronte, a favela do Maruim de sugestivo nome. Esta é a entrada vergonhosa com que a Marim dos Caetés "acolhe" os turistas.

Ao alcançarmos o Varadouro, é melhor não dobrarmos à esquerda para não esbarrar e tropeçar nos entulhos de um cinema tradicional que hoje abriga mendigos, papudinhos e vagabundos, que se espalham pela praça. A situação eterniza-se sem nenhuma providência dos prefeitos que passam pela cidade. O Cartão de visita de Olinda é um vexame.

Arthur Carvalho, do Instituto Histórico de Olinda, Academia Olindense de Letras e Cidadão Honorário de Olinda.

 

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