Dia 20 de novembro é feriado nacional!
Durante todo o século XX, os movimentos sociais negros reivindicaram a lembrança da memória de Zumbi como reconhecimento de sua luta
Este ano o feriado que celebra a importância histórica de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares e símbolo da resistência negra no país, será nacional. Muitas pessoas não sabem a importância de Zumbi para nossa história e não compreendem que nacionalizar o feriado foi um marco importante na luta antirracista. Celebrar o dia 20 de novembro é reconhecer as contribuições do povo negro na construção do país e festejar a cultura, história e memória da população afro-brasileira.
Apesar do dia 20 de novembro ser o dia da morte de Zumbi dos Palmares, festejamos sua existência e sua luta em vida. Celebrá-lo significa recontar uma história negra que não começa no 13 de maio de 1988, e sim lá no século XVI com as histórias quilombolas. Zumbi viveu no quilombo dos Palmares, lugar de resistência ao sistema escravista colonial. Palmares é um exemplo de comunidade contra colonial que resistiu ao sistema por quase 100 anos e foi exemplo de modelo de civilização para muitas pessoas negras, indígenas e brancas abolicionistas.
Durante todo o século XX, os movimentos sociais negros reivindicaram a lembrança da memória de Zumbi como reconhecimento de sua luta. Já na década de 1970, em Porto Alegre, um grupo de estudantes coordenados pelo pesquisador e militante negro Oliveira Silveira reivindicam a criação de uma data comemorativa que simbolizasse a luta do povo negro e a celebração de suas culturas e histórias. Mas, foi em 2003 que este reconhecimento se tornou oficial e, logo após, em 2011 o dia 20 de novembro passou a ser celebrado como o “Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra”, sendo incorporado também nos calendários escolares, promovendo educação para a igualdade racial.
A educação antirracista é fundamental para que futuras gerações compreendam a importância da inclusão, do respeito e da valorização das diferenças, evitando que os erros do passado se repitam.
Nos últimos anos, houve avanços importantes na luta pela igualdade racial no Brasil, como a implementação das cotas raciais nas universidades públicas e a criação de políticas afirmativas.
No entanto, ainda estamos longe de uma sociedade onde todas as pessoas possam usufruir plenamente de seus direitos e viver sem o medo da discriminação ou da violência racial. O termo “Consciência Negra” nos remete a diferentes movimentos que a sociedade precisa fazer para combater o racismo. Se por um lado, a consciência de uma existência negra positiva precisa ser celebrada pela população afrobrasileira a partir do reconhecimento afirmativo de suas histórias e memórias, a população branca precisa fazer um outro tipo de movimento que é o reconhecimento de seus privilégios e da manutenção de uma sociedade que hierarquiza as oportunidades a partir do benefício delas em relação ao povo negro. Dessa forma, tomar consciência da existência do racismo que estrutura a sociedade sempre foi um dos maiores motivadores para marcarmos um dia de reflexão sobre a desigualdade racial.
Assim, o feriado da consciência negra atua como um lembrete da importância de continuar a luta, mantendo viva a memória de um dos maiores ícones da resistência negra. Zumbi não morreu em vão; ele permanece vivo no movimento negro brasileiro e na consciência das pessoas que acreditam na igualdade, na justiça e na liberdade.
O dia 20 de novembro pulsa africanidade e deixa um recado: mais importante que celebrar um feriado é fomentar a inclusão do combate ao racismo no nosso dia a dia porque a equidade social só acontecerá verdadeiramente a partir de um processo inovador de transformação no qual é central o antirracismo como um compromisso diário de todas as pessoas para avanço em direção a um Brasil mais inclusivo e plural.
Ana Helena Passos -Instituto Ella, Manoela Alves - Instituto Enegrecer e Dayse Rodrigues - Ubuntu consultoria