Otávio Santana do Rêgo Barros: "Quem nos irrita, nos vence!"

Covey argumenta que, em vez de devolver grosserias com grosserias ou absorver comportamentos ruins, devemos agir conforme nossos princípios

Publicado em 27/12/2024 às 17:52 | Atualizado em 27/12/2024 às 23:05
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Segundo uma pesquisa do Instituto Ipsos, realizada em outubro passado, 64% dos brasileiros não estão satisfeitos com o país e 53% acham que o ano foi ruim para suas famílias. É, este ano não foi nada fácil mesmo.

Apesar de estarmos vivendo o abençoado espírito natalino e recarregando as baterias físicas e emocionais coma energia da entrada de um novo ano, demoraremos a curar as cicatrizes que 2024 nos deixou.

Nas operações militares, existe um acrônimo que nos ajuda a lembrar as ações necessárias quando estamos desorientados em meio a uma mata densa, sob chuva torrencial e escassez de suprimentos, e, ainda assim, precisando seguir adiante para cumprir a missão: ESAON – Estacione, Sente-se, Alimente-se, Oriente-se e Navegue.

Esse conceito é igualmente aplicável à nossa vida pessoal, mesmo fora da caserna. Se fizer sentido para você, caro leitor, use-o como ferramenta em seu processo de tomada de decisão.

Estacionar significa parar. Evitar desgastes desnecessários. Não caminhar sem rumo. Ter bem definido o objetivo a ser alcançado.

Sentar-se é a oportunidade de descansar. Preservar energia para o que realmente importa. Refletir sobre o caminho percorrido e avaliar os aprendizados adquiridos.

Alimentar-se é renovar os ânimos. Reforçar o corpo e a alma. Reabastecer-se dos nutrientes contidos nos valores éticos e morais construídos ao longo da vida.

Orientar-se é reencontrar o rumo certo, aquele que nos conduz ao objetivo de bem servir. Ajuda a escolher novos caminhos quando o atual não oferece a saída esperada.

Navegar é decidir retomar a marcha, seguir em frente, com perseverança e lucidez, mesmo diante dos desafios que ainda estão por vir.

No seu ESAON diário, lembre-se também da história do jornaleiro mal-humorado e do cliente paciente:

Um homem comprava jornais todos os dias na cinquentenária banca, localizada na esquina de sua rua. Apesar de sempre ser educado, calmo e cordial, o jornaleiro, conhecido por seu mau humor e irascibilidade, frequentemente respondia de forma ríspida ou simplesmente ignorava o cliente.

Certo dia, um velho amigo o acompanhou nesse passeio e presenciou essa cena. Surpreso com a atitude do jornaleiro e com a serenidade do amigo, perguntou:

— Por que você continua sendo tão educado com esse sujeito, mesmo quando ele o trata tão mal?

O homem sorriu e respondeu calmamente:

— Porque não quero que a pobreza de sua alma, tão pouco o seu mau comportamento determinem meu modo de agir e pensar.

Essa história é frequentemente atribuída a Stephen Covey, autor do livro Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes (Editora Best Seller, 2004), como parte de suas palestras motivacionais para líderes de grandes empresas e pessoas interessadas em transformar suas vidas.

Ela é usada para ilustrar princípios éticos e morais essenciais, exigidos tanto de quem lidera quanto de quem desempenha seu papel como membro de um grupo familiar, de amigos ou de trabalho.

No contexto do livro, o exemplo do jornaleiro mal-humorado enfatiza a importância de ser proativo e de não reagir negativamente às atitudes alheias.

Covey argumenta que, em vez de devolver grosserias com grosserias ou absorver comportamentos ruins, devemos agir conforme nossos princípios, mantendo a compostura e escolhendo serenamente nossas respostas. Afinal, quem nos irrita nos vence.

Às pessoas que agem como o jornaleiro, desejo profundamente que encontrem paz de espírito para buscar, na renovação interior, um novo significado para suas vidas.

Às pessoas que agem como o cliente, rogo que continuem firmes no propósito de tornar o mundo um lugar melhor para todos. Não se deixem irritar.

Feliz e abençoado Ano Novo!

Otávio Santana do Rêgo Barros, general de Divisão da Reserva do Exército Brasileiro

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