UOL - O melhor conteúdo

Adeildo Nunes: mais um centro cultural

Criada em 22 de junho de 2024, a Academia Teixerense de Letras e Artes, presidida pelo juiz aposentado Ambrósio Agrícola Nunes teve seu apogeu

Publicado em 20/03/2025 às 6:46 | Atualizado em 20/03/2025 às 6:46
Google News

A cidade serrana do Teixeira, em plena Serra da Barborema, alto sertão da Paraíba, acaba de empossar os seus primeiros membros-acadêmicos, em solenidade realizada em 14 do corrente mês, numa noite inesquecível e memorável.

Criada em 22 de junho de 2024, a Academia Teixerense de Letras e Artes, presidida pelo juiz de Direito aposentado Ambrósio Agrícola Nunes, seu criador, vivenciou momentos de esplêndido apogeu, abrilhantada pela banda de música do Batalhão da Polícia Militar, sediado em Patos-PB, que entoou o Hino do Estado de Paraíba e o Nacional, na presença de autoridades públicas e da sociedade local.

A origem

Em verdade, os primeiros habitantes do seu primeiro povoado, que deu origem à cidade do Teixeira, município encravado nos píncaros da serra da Borborema – segundo Celso Mariz - se deu em consequência de um projeto de ocupação, idealizado pelo então Governo-Geral, que se dispôs a lograr êxitos comerciais e urbanos para o interior da Paraíba, tudo isso após a expulsão dos holandeses (1654).

O governador-geral, para tanto, estimulou a participação de baianos e pernambucanos para concretizar o projeto de ocupação, dando causa à chegada de um número elevado de bandeirantes oriundos da Bahia, que chegaram ao povoado através do vale do Pajeú, atingindo, por fim, boa parte das terras não ocupadas.

Coriolano de Medeiros, todavia, assegura que a Serra do Teixeira já vinha sendo ocupada por um diminuto grupo de grileiros da Casa da Torre – antes do projeto de ocupação - que lá chegaram à procura do ouro.

O principal fundador do povoado, conta a história, foi Manuel Lopes Romeu, ou Romeira, um homem de posses, proprietário em Natuba.

Foi Lopes quem deu origem à família Sabugi, em meados do século XVIII. Homem chegado a caçadas de animais, Manoel Lopes, de logo, denominou o povoado de “Cacimba de Baixo”, posteriormente renomeado para “Olho D’água de Canudos.”

Leia o JC Premium gratuitamente

A riqueza cultural e literária da cidade

Agostinho Nunes da Costa, nascido em Teixeira, foi o primeiro poeta-cantador que se tem notícias, na época improvisando seus versos ao som de uma rebeca, hoje conhecida por violino.

Os versos de Agostinho foram os primeiros passos para o surgimento do cantador de viola e dos repentistas que hoje abrilhantam a poesia popular brasileira. Os irmãos Nicandro e Ugolino Nunes, Teixerenses, entretanto, foram os primeiros cantadores de viola que se tem conhecimento na história do Brasil.

Também nasceu em Teixeira, no sítio do Tauá, Zé Limeira, o “poeta do absurdo”, hoje com seus versos reconhecidos em todos os recantos do País e do exterior.

Da Serra do Teixeira, também brotaram os poetas Teodoro Nunes da Costa, Martim Assuero e José Marcelino, e os únicos cinco irmãos juízes de Direito do mundo (Ambrósio Nunes, Adilson, Adeilson, Ailton e Adeildo), sem contar que Odilon Nestor, catedrático, diretor e professor da Faculdade de Direito do Recife, meu patrono na Academia, também brotou das suas hostes, elevando, ainda mais, o nome e a tradição cultural da cidade do Teixeira,

Pois bem: é neste recanto de poetas, músicos, juristas, de homens e mulheres envolvidas com as artes, do passado e do presente, que surge a Academia Teixerense de Letras e Artes, com a pretensão de exaltar e cultuar, em todos os seus esplendores, os antigos e os atuais nomes que fizeram e fazem parte da sua história gloriosa, estrelada e cultural.

Durante a cerimônia de posse dos novos acadêmicos, Tadeu de Agamenon organizou o lançou o livro “Glosas: exaltação a Teixeira”, uma coletânea de poetas teixerenses, onde o mote “Sou da terra de Ugolino, de Teodoro e Zé Limeira” está decantado em decassílabos.
Sobre Teixeira, disse Rogaciano Leite, de Itapetim-PE:

Pedra do Vento ó morro da saudade
É assim que se chama aquela rocha
Que do cimo da serra desabrocha
Dominando a paisagem da cidade
Quando os raios do sol em rubra tocha
Ficam tristes na imponente majestade
O cruzeiro plantado sobre a brocha
Lembra Cristo exaltando a humanidade
Até parece um secular diadema
Em que Deus ao distinguir a Borborema
Criou a nossa terra brasileira
E no pé desse colosso milenário
Vice o povo, valente, extraordinário
Da cidade serrana do Teixeira


Adeildo Nunes, juiz de Direito aposentado, doutor e mestre em Direito de Execução, membro da Academia Teixeirense de Letras e Artes e do Instituto Brasileiro de Execução Penal (IBEP)

 

Tags

Autor

EDIÇÃO DO JORNAL

capa edição

Confira a Edição completa do Jornal de hoje em apenas um clique

LEIA GRÁTIS

NEWSLETTER

Faça o cadastro gratuito e receba o melhor conteúdo do JC no seu e-mail

ASSINE GRÁTIS