OPINIÃO

Brasil precisa no mínimo de tolerância nas eleições 2022

Um dos papéis da imprensa é trazer confiabilidade às informações. A tolerância no processo eleitoral começa pela liberdade de imprensa, exercida com responsabilidade. Ao abrir o conteúdo, desde o dia 1 de agosto e até o final de dezembro, o JC se coloca na linha de frente da busca pelo diálogo que deve nortear a democracia.

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Publicado em 02/08/2022 às 23:32 | Atualizado em 02/08/2022 às 23:35
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Votação do primeiro turno está marcada para o dia 2 de outubro - FOTO: Foto: Reprodução
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Marcada pela expectativa de posições radicais, embates violentos e troca de acusações por candidatos e seus seguidores antes mesmo do início oficial da campanha, a disputa eleitoral em outubro deve se pautar pela busca da estabilidade. É o que pensa o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, em discurso na volta do recesso, na última segunda-feira.

Fux qualificou as eleições deste ano como “um dos momentos mais sensíveis” da democracia brasileira. O Poder Judiciário tem sido alvo de ataques, sobretudo, de defensores do atual governo federal, incentivados por um presidente da República que não se cansa de questionar o sistema eletrônico de votação, descredenciando, junto com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o modelo vigente de apuração há décadas.

O ministro do STF pregou o respeito entre adversários, com o objetivo de reduzir a disseminação da intolerância entre os eleitores. Tendo em vista a convivência fácil que se descortina na formação de alianças e chapas, o eleitorado poderia chegar por si à conclusão de que não vale a pena exercer a intolerância, quando os candidatos transpõem sem dificuldade as distâncias que os separavam.

Infelizmente, não é o que se tem observado no País, com as polarizações e as farpas de encomenda numa arenga cenográfica pelo exercício do poder. Se há distâncias pessoais insuperáveis, a movimentação partidária revela aglutinações e parcerias que transcendem a imaginação do eleitor.

Enquanto Fux cobra civilidade nos debates, torcemos para que haja verdadeiros debates antes da escolha do voto. Os problemas nacionais são muitos e graves – e maiores ainda, os problemas em Pernambuco. Os candidatos têm o dever da tolerância, como pressuposto para a apresentação de críticas aos atuais mandatários, bem como de propostas viáveis. A definição das candidaturas antecede a definição das propostas, e é isso que interessa à população que enfrenta o desemprego, a miséria, a fome, o caos na saúde e o vácuo na educação.

A Justiça brasileira também tem se posicionado atenta a um dos maiores eixos de distribuição da intolerância e do radicalismo – as mentiras transmitidas como se fossem notícias, as fake news. A produção e o compartilhamento em massa de mensagens mentirosas está na mira do TSE, mas também precisa figurar nas preocupações do eleitor. A identificação de fontes com credibilidade é fundamental para que qualquer mensagem recebida sobre esse ou aquele candidato venha a ser, primeiro, lida como confiável, e só depois, compartilhada. De outro modo, a disseminação de mentiras aparece junto à expansão do ódio típico dos intolerantes.

Um dos papeis da imprensa é trazer confiabilidade às informações. A tolerância no processo eleitoral começa pela liberdade de imprensa, exercida com responsabilidade. Ao abrir o conteúdo, desde o dia 1 de agosto e até o final de dezembro, o JC se coloca na linha de frente da busca pelo diálogo que deve nortear a democracia.

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