Abandono do Hospital Otávio de Freitas é exemplo do caos na saúde em Pernambuco – que exige ações urgentes de impacto

JC
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Publicado em 19/01/2023 às 22:46

O esgoto vazando junto aos pacientes é o novo retrato da situação desumana que aflige a saúde pública pernambucana há anos. O caos é antigo, mas o governo recém-empossado não pode mais adiar a tomada de providências emergenciais, a fim de retirar a indignidade do atendimento aos cidadãos que buscam os serviços públicos de saúde porque não têm a quem recorrer. Enquanto única opção para a maioria, os hospitais estaduais precisam de humanização desde a porta de entrada, sem tetos caindo ou esgoto vazando na dependência dos pacientes. A condição de precariedade já ultrapassou todos os limites do descaso na gestão passada. Cabe à governadora Raquel Lyra promover as medidas necessárias para o resgate da decência na saúde pernambucana.

A TV Jornal recebeu, ontem, denúncia com imagens de superlotação e do vazamento que expõe os internados a riscos sanitários e ao desconforto da convivência com água de esgoto, no Hospital Otávio de Freitas. Unidade hospitalar que deveria ser referência em emergência urológica – por ser a única dessa especialidade no estado – se destaca como referência na imundície compartilhada por pacientes apinhados. O coro da insatisfação se repete na rede hospitalar pública em Pernambuco. “Eu acho que o direito à saúde a gente tem que ter”, cobra, com descabida hesitação, a dona de casa Jacileide Félix, para
a reportagem, ao mesmo tempo em que afirma se sentir abandonada pelo poder público. O direito à saúde é um dever do Estado, dona Jacileide, preconizado em documentos internacionais e garantido pela Constituição brasileira.

O desleixo com os pacientes é mais do que omissão, é desumanidade, quando atendimentos são realizados em macas do lado de fora, por falta de infraestrutura, dentro das instalações. Se a gestão anterior no Palácio das Princesas entregou o caixa como recursos, como pontuou o colunista de política do JC, Igor Maciel, resta saber por que os hospitais não receberam os investimentos necessários para manutenção e estrutura básica de prestação de serviços. Para a população, não importa se o caos nos
hospitais é consequência de má gestão ou descuido com requintes de crueldade. A mudança administrativa, agora, requer medidas de impacto sem demora, para amenizar o sofrimento de longa data dos pernambucanos.

E o descuido não é novidade. Em setembro de 2021, a TV Jornal mostrava imagens de desespero dos pacientes, no superlotado Otávio de Freitas. Em resposta às denúncias, a Secretaria Estadual de Saúde garantiu que uma equipe de engenharia faria vistoria técnica no hospital, ainda ontem. A mesma nota enviada ao JC, sem mencionar superlotação, explicou que chegaram 81 pessoas na emergência da unidade hospitalar em 24 horas, e que todas foram admitidas, acolhidas e avaliadas, com agilização de
exames e procedimentos, e encaminhamento para outras unidades da rede estadual. O que os pernambucanos que fazem uso do sistema público de saúde esperam, com ansiedade, é motivos para acreditar que ações de impacto para solucionar os problemas estão, de fato, sendo gestadas, e logo serão postas em prática. O caos na saúde não pode perdurar.

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