A situação de emergência por desastres naturais foi reconhecida em 11 cidades do Sertão e do Agreste, pela Defesa Civil Nacional, na última segunda-feira. Trata-se de um problema histórico que combina o rigor climático à falta de estruturas hídricas que possam suprir as demandas humanas e de outras espécies de seres vivos, sem água.
Estão na lista, entre outras, Petrolina, Serra Talhada e Triunfo. Apesar de ainda não estarem em condição de seca, caracterizada pelo tempo prolongado sem chuva, a estiagem de menor duração tem produzido impactos que reverberam na economia e geram sofrimento na população.
A questão é preocupante porque no período em que as precipitações se concentram, de janeiro a abril, tem chovido pouco nesses municípios, de acordo com a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac). Em todo o País, mais de 1.500 cidades foram classificadas em emergência por desastres naturais. Com isso, torna-se possível a adoção de medidas complementares por todos os níveis de governo, buscando minimizar as consequências ambientais e sociais nas áreas relacionadas.
A solicitação de recursos com essa destinação pode ser feita ao Ministério do Desenvolvimento Regional, por exemplo, pelas prefeituras. A burocracia é menor, e o dinheiro pode chegar mais rápido, por causa da situação emergencial.
Da parte do governo estadual, a ação clássica mais acionada é a distribuição de água através de caminhões-pipa. Em março do ano passado, o governo do Estado decretou emergência em 59 municípios – apenas no Agreste – devido à estiagem. Na época, integravam a lista as cidades de Caruaru e Santa Cruz do Capibaribe, onde caíram temporais, poucos dias atrás. O que se vê em uma parcela menor do território, no entanto, é a continuação de um drama que segue solicitando esforços conjuntos do poder público e da sociedade, visando a superação das dificuldades e a criação de melhores condições de convivência com o rigor climático.
A estiagem prolongada pode ser um sinal de efeito das mudanças climáticas, assim como as enxurradas que têm se espalhado pelo Brasil. Do governo federal aos municipais, programas consistentes de enfrentamento desses efeitos ainda estão mais no papel e na promessa, do que na realidade.
Aquecimento da Terra à parte, os gestores públicos brasileiros, em especial no Nordeste, não apresentam planos efetivos para melhorar a vida de populações que sofrem, há gerações, com as agruras da estiagem e da seca.
A decretação de emergências, todos os anos, serve para a liberação de recursos que já são esperados, como a ausência de chuvas. Prefeitos e governadores parecem não se importar com a raiz do problema, deixando sempre para depois qualquer alternativa de solução duradoura para a vida em sol a pino.
Além da estiagem climática, a estiagem de ideias e, sobretudo, de decisões, mantém a emergência no calendário.
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