Os casos chocantes de ataques violentos nas escolas brasileiras pedem ações emergenciais para a proteção de estudantes, professores de demais funcionários. Autoridades governamentais de todos os níveis precisam buscar medidas que impeçam novos episódios e tragédias no ambiente escolar.
Mas além da situação que se repete, é preciso buscar as raízes de um problema estrutural na educação que se promove, há algum tempo, no meio da violência. Afinal, não é de hoje que professores e familiares
de alunos relatam a tensão de uma sala de aula vivenciada com insegurança, diariamente.
O lugar de aprendizado é um espaço social em que a convivência é tão ou mais importante que o conhecimento transmitido. A escola faz parte de um bairro, de uma comunidade, de uma cidade e de um país, e sua inserção não se isola do quadro social de nenhuma dessas porções territoriais. Deveria ser no interior da unidade escolar, no entanto, que as melhores práticas de sociabilização se dão, entre mestres e alunos, alunos e funcionários, gestores escolares e professores, entre os estudantes de diferentes
turmas e faixas etárias.
A escola, em sua essência, é um catalizador social. Onde as distâncias se quebram, as diferenças se encaram, os dilemas se resolvem e os preconceitos podem ser abordados, no caminho da superação. O governo federal deu início na última quinta-feira à Operação Escola Segura, visando prevenir e reprimir os ataques em escolas. Delegacias especializadas em crimes cibernéticos foram convocadas, para identificar nas redes sociais os alunos e os integrantes de redes extremistas, que podem representar algum risco para a comunidade escolar.
Para barrar o que é visto como onda de criminalidade, as estruturas de segurança dos estados deverão atuar em conjunto com o Ministério da Justiça. Para o secretário nacional de Segurança Pública, Tadeu Alencar, a comoção dos brasileiros chama o governo à responsabilidade, em um tema que não pode deixar de ser enfrentado. As rondas escolares e outras ações de segurança devem receber do governo federal cerca de R$ 150 milhões, que serão destinados a estados e municípios com essa finalidade.
Para além das medidas emergenciais, contudo, é importante que sejam buscadas alternativas que não se limitem à aceitação da ameaça com a imposição de força. O envolvimento das comunidades do entorno, a participação dos pais e o cuidado intensivo do espaço social do ambiente escolar são essenciais para compreender e evitar a continuidade da disseminação de crimes e atos violentos nas salas de aula. A escalada da violência nas escolas não será revertida apenas com respostas da cultura da violência.
O paradigma da prevenção deve ser outro, se desejamos restaurar – e não somente armar para a defesa – as escolas enquanto lugares privilegiados de interação e desenvolvimento dos indivíduos como cidadãos.
Professores ameaçados são uma constante no deteriorado ambiente escolar brasileiro, onde, ao invés de formação, tem-se uma incubadora de deformação, na qual o respeito é substituído pelo insulto e a agressividade. Neste sentido, os ataques recentes configuram motivo agudo de preocupação para as instituições e a população.
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