Pobreza, saúde, violência e corrupção: as preocupações dos brasileiros

JC
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Publicado em 10/04/2023 às 19:18

São tantos os problemas que afligem os cidadãos, diariamente, que qualquer pesquisa sobre os mais agudos, incidindo na maioria da população, tende a colher resultados conhecidos em um mosaico de mazelas antigas.

E não foi diferente com as respostas brasileiras à pesquisa “O que preocupa o mundo”, realizada em 29 países. Ainda sob o rescaldo dos impactos do período pandêmico na economia e na sociedade, ampliando o quadro de miséria, sobretudo nas grandes cidades, quase a metade dos pesquisados afirmou, aqui, se preocupar a pobreza e a desigualdade.

Nenhuma surpresa, num país de histórica desigualdade, aprofundada nos últimos anos, levando à fome ou à insegurança alimentar milhões de indivíduos que lutam para fazer uma refeição decente por dia.

Em seguida, compondo entre 30% e 37% das preocupações listadas, estão a saúde, a criminalidade e a violência, e a corrupção. Vê-se como o estressante cotidiano se pauta por questões básicas, reforçadas pelo trauma da Covid que matou mais de 700 mil brasileiros.

Na esteira do aumento da miséria, a vulnerabilidade social emoldura um cenário violento e de muita insegurança, desafiador para os gestores públicos que se lançam à missão de melhorar a vida do povo.

Enquanto isso, de olho no desempenho desses gestores, e dos políticos em geral, a cabeça do brasileiro não se desliga das falcatruas, dos desvios, dos superfaturamentos e das propinas: a corrupção aparece na
lista das principais preocupações brasileiras com quase um terço de citações.

Os brasileiros se inquietam, predominantemente, com um tema que é segundo lugar na média entre as nações pesquisadas. A desigualdade social e a pobreza perdem, lá fora, para a atenção com a inflação, campeã entre as preocupações levantadas.

Apenas a Holanda, o Japão e a Bélgica têm no topo das mentes a pobreza – sem comparar, obviamente, a realidade entre os países. Vale dizer que o resultado no Brasil poderia ser muito mais focado na pobreza, se a pesquisa tivesse sido feita nas ruas – o questionário foi apresentado pelo Instituto Ipsus a mais de 20 mil pessoas virtualmente, e as respostas coletadas pela internet.

De qualquer maneira, serve como ilustração de um problema cuja solução precisa ser tratada como prioritária, antes de qualquer outro, com responsabilidade e compromisso para além do populismo e do discurso fácil.

O panorama dos problemas retrata uma multiplicidade de demandas para os governos recém-empossados. Se quase nada se faz em pouco mais de três meses, muito se espera para o período de um mandato de quatro anos.

Tempo insuficiente para mudar tudo, mas o bastante para transformar a realidade sofrida de muita gente – desde que o foco dos orçamentos públicos seja destinado ao que importa, no caso, amenizar a principal
das preocupações, retirando as pessoas da miséria e oferecendo oportunidades para uma vida digna.

Isso vale no plano nacional e no estadual, dos novos governos, mas também no municipal, em que os atrasos perduram quando o assunto é cumprir as promessas de campanha, e os recursos sempre sobram para outras despesas distantes da preocupação de quem passa urgentes necessidades.

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