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Cobrança de pedágio precisa deixar de ser tabu em Pernambuco

JC
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JC
Publicado em 24/04/2023 às 22:19

A precariedade das rodovias não é novidade para o cidadão pernambucano. Para onde se vire, por onde for, as estradas apresentam problemas de conservação, sinalização e segurança. O poder público não dispõe dos recursos para as manutenções necessárias, deixando os custos de reparação e modernização a cada ano mais caros. As viagens se tornam mais longas e tensas, os prejuízos para os veículos são comuns, e muitos sinistros poderiam ser evitados em condições melhores de trafegabilidade. Todo governante sabe disso. Mesmo assim, parece haver por aqui um tabu que impossibilita a melhoria de uma situação que salta aos olhos de quem precisa usar as rodovias. O tabu contra concessões à iniciativa privada, que resultam na cobrança de pedágios para o usuário, ainda surge como dominante, com as exceções de poucas rodovias para o litoral.

Apenas a restauração da BR-232, principal eixo de ligação entre a capital e o interior, possui a estimativa de orçamento superior a R$ 200 milhões. E há remendos por toda parte, buracos e trechos pessimamente sinalizados na malha rodoviária inteira no território estadual. Com a troca de governo no Palácio do Campo das Princesas, o assunto volta a ser discutido. Mais da metade da malha é considerada, pelo novo governo, em condição precária. A intenção da gestão de Raquel Lyra é tomar a concessão como solução concreta, e não, como ideia a ser considerada sem consequência prática, o que aconteceu no governo anterior.

O secretário estadual de Mobilidade e Infraestrutura, Evandro Avelar, reconheceu a necessidade de superação de um bloqueio cultural em Pernambuco. “As concessões de rodovias têm um estigma que precisa ser rompido”, afirmou em entrevista à Rádio Jornal, lembrando que nas regiões Sudeste e Sul o processo de concessões de rodovias está consolidado. “Precisamos fazer o mesmo aqui”, defende o secretário. Avelar ainda repetiu a constatação que se faz diante das evidências do descuido, e das demandas urgentes para outros tipos de gastos e investimentos, a exemplo de programas sociais, em saúde e educação: “O Estado brasileiro não tem capacidade para manter estradas, e só com elas o desenvolvimento chega”.

De fato, a importância das vias para a interiorização, a dinamização dos serviços e a atração de turistas é inequívoca, sendo prática comum na história da civilização o desenvolvimento a partir dos caminhos abertos. Mais do que retomar a discussão acerca das concessões e dos pedágios, o governo Raquel Lyra pode acelerar o processo, cuja estagnação tem gerado muitos prejuízos aos pernambucanos. Nos últimos anos, faltou razoabilidade, sensatez e discernimento do benefício público, para se assumir a decisão em prol de solução testada e utilizada no Brasil e em outros países, há muito tempo. A população pernambucana aguarda a decisão e a concretude das providências, no enfrentamento de um tabu que só retarda o nosso desenvolvimento.

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