Lugar de criança é na escola. A antiga frase nunca foi tão necessária e, também, consensual, no Brasil. Atravessando governos federais e estaduais de diferentes colorações partidárias, o ensino integral, que permite a permanência maior dos estudantes nas unidades escolares, parece ter vencido todas as dúvidas a respeito de sua validação.
Com Pernambuco como pioneiro, o ensino integral vem sendo implantado, com velocidades e modelos que variam, em todo o território nacional. Novos governantes poupam as críticas aos anteriores, nessa questão, para preservar a lição: todos concordam com a importância do ensino integral para a educação e o desenvolvimento social e, por tabela, econômico.
O que se espera, em cada unidade da federação e em cada município brasileiro, é a criação de condições propícias à expansão do ensino integral na rede pública.
O Ministério da Educação (MEC) vai nessa direção quando anuncia postular R$ 2 bilhões por ano, em 2023 e 2024, para implementar o ensino integral nas redes municipais e estaduais de ensino. O caminho é longo: menos de 20% dos alunos estudam nessa modalidade.
A intenção do MEC é conseguir recursos suficientes para a expansão do integral em toda a educação básica, do ensino infantil ao médio. Com esse aporte, pode haver a inclusão de 3,2 milhões de estudantes no ensino integral, pelas contas da pasta.
Como as redes públicas concentram cerca de 6 milhões de estudantes, ainda vai faltar escola integral, mas o avanço, caso conquistado, será essencial para mudar o patamar da educação no país.
Especialistas defendem que o ensino integral, ao manter as crianças e adolescentes na escola em atividades curriculares e outras atividades, desperta o sentido de comunidade ao redor do conhecimento, promove o interesse dos estudantes, valoriza a escola, agrada aos pais que podem trabalhar mais, e eleva o desempenho do aprendizado.
Reduz o abandono escolar e a repetência, levando a ganhos essenciais para a empregabilidade. As vantagens do ensino integral são tantas e tamanhas que o difícil é compreender a demora em sua adoção em larga escala, quando se sabe a relação inequívoca entre a qualidade do ensino e o nível de desenvolvimento que uma nação pode alcançar.
Sob o nome de “Educação o tempo todo”, o programa federal de ensino integral está sendo apresentado aos estados e municípios, pelo MEC, mas ainda precisa do aval de recursos do governo. Espera-se que não se negue à educação o valor necessário para o programa, cuja intenção é apoiar com recursos todas as escolas para o ensino integral se transformar em realidade espalhada pelo território nacional.
O Plano Nacional de Educação (PNE) aponta a meta de 50% das escolas e 25% dos alunos em tempo integral – mas é possível, e preciso, ir além. A educação inclusiva passa pela democratização do modelo integral, atraindo os alunos para as escolas, ressaltando o papel dos professores e educadores, e plantando a semente para a formação de indivíduos preparados para o exercício da cidadania.