Investimento

Custo Brasil rebaixa competitividade e afasta investimentos

O que se designa por custo Brasil é um conjunto de entraves burocráticos, estruturais e econômicos que impedem o crescimento dos negócios no país

JC
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Publicado em 18/05/2023 às 22:25
BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
Melhorias na infraestrutura precisam de investimentos vultosos, como no setor de transporte, cuja realização requer tempo - FOTO: BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM

Quase 20% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional é consumido, por ano, pelo chamado custo Brasil, afetando a competitividade e impedindo a realização de investimentos pelas empresas. Estudo realizado pelo Movimento Brasil Competitivo, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, chegou ao valor pelo cálculo das despesas adicionais com a produção, em comparação com a média dos países integrantes da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico): nada menos que R$ 1,7 trilhão. 

O que se designa por custo Brasil é um conjunto de entraves burocráticos, estruturais e econômicos que impedem o crescimento dos negócios no país. Vale dizer que não representa um cenário negativo apenas para o empreendedorismo, mas para toda a sociedade, uma vez que freia ou corta investimentos, e subtrai ou deixa de gerar postos de trabalho, portanto achatando a distribuição de renda.

O custo Brasil é concreto, mas sua configuração é complexa. Combater sua existência implica na adoção de uma série de medidas paralelas com o mesmo objetivo, simplificando o ambiente de negócios, modernizando a infraestrutura disponível e mantendo um quadro de estabilidade jurídica e política propícia ao desenvolvimento da economia e da qualidade de vida da população.

O estudo lança luz, mais uma vez, no tamanho do prejuízo do custo aos brasileiros. A conta trilionária, ressalte-se, diz respeito somente ao excedente de gastos em relação à média na OCDE. Se tivéssemos as mesmas condições, o setor produtivo nacional poderia usar esse montante de R$ 1,7 trilhão em outras demandas, acelerando os negócios e os benefícios coletivos.

O valor encontrado, por sua vez, não retorna para a sociedade em ganhos de infraestrutura, mostrando os limites do Estado em garantir condições razoáveis tanto para o ambiente econômico, quanto para o social.
A aprovação de uma reforma tributária simplificadora e menos corrosiva para os negócios e para o poder aquisitivo dos cidadãos é esperada há muitos anos.

Mesmo que seja aprovada logo, seus efeitos podem levar anos para serem sentidos. Do mesmo modo, melhorias na infraestrutura precisam de investimentos vultosos, como no setor de transporte, cuja realização requer tempo. Quanto mais demoramos em cuidar do custo Brasil, mais atrasados ficamos em competitividade e qualidade de vida. Outro problema identificado no estudo é a baixa qualificação da mão de obra no país.

Que não se resolve da noite para o dia, e não se aparta da questão maior, sempre deixada para o futuro que nunca vem: a educação que não forma os indivíduos nem para a vida, nem para o mundo do trabalho. O baixo nível educacional é um dos mais graves e antigos entraves ao desenvolvimento brasileiro. Desde o básico, da alfabetização à compreensão do texto lido, as novas gerações saem das escolas e universidades despreparadas. Vê-se como o custo Brasil diz respeito a uma realidade muito além da conjuntura econômica.

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