Crimes

Violência, racismo e morte: nada a ver com futebol

O que se vê dentro e fora dos estádios é a prevalência de uma cultura violenta que suplanta a cultura esportiva, em tudo avessa à violência

JC
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Publicado em 22/05/2023 às 23:31
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As forças de segurança não conseguem, infelizmente, impedir os crimes anunciados, que acontecem a cada rodada, como se ninguém soubesse de seu risco - FOTO: REPRODUÇÃO/INTERNET

A brutalidade que toma conta das ruas no Recife, antes e depois de algumas partidas, o espancamento de torcedores que se torna comum no Brasil, e a morte consumada pela violência das gangues uniformizadas.

A disputa esportiva não deveria suscitar isso. Como as cenas de racismo nos estádios, aqui ou na Europa, não fazem parte do jogo. Mas o futebol tem sido uma espécie de desaguadouro de maus instintos, que passam do xingamento à violência bárbara, levando a essência do esporte para distante segundo plano.

Pouco importam a tática e a técnica, o suor em campo, o planejamento dos treinos. Para muita gente – que não é a maioria – o que vale é extravasar recalques, pôr em ação a selvageria, partir para cima do outro com preconceitos e pontapés.

Antes do jogo pela série D contra o Campinense, da Paraíba, no último domingo, um jovem torcedor do Santa Cruz a caminho do estádio do Arruda foi espancado por criminosos, torcedores da Torcida Jovem do Sport, ligados ao Campinense. E faleceu durante o atendimento de socorro, ao ser transportado a uma UPA em Olinda.

O intercâmbio de torcidas organizadas, ao invés de se prestar ao compartilhamento da paixão pelo futebol, tem servido de cobertura para a ação de bandidos, como se vê com assustadora frequência nos coletivos, nas ruas e avenidas da capital pernambucana e de outras cidades do país.

As forças de segurança não conseguem, infelizmente, impedir os crimes anunciados, que acontecem a cada rodada, como se ninguém soubesse de seu risco.

No mesmo domingo, na Espanha, o jogador brasileiro Vinicius Junior foi alvo de racismo, na partida entre o Real Madrid e o Valencia. Vini foi chamado de “macaco” pelos torcedores.

Em desabafo nas redes sociais, o jogador afirmou que o campeonato espanhol é racista, e que a Espanha se transformou num país racista. “O racismo é o normal na La Liga”, disse ele, referindo-se ao campeonato de futebol do país.

O episódio ganhou proporções diplomáticas, porque o governo federal do Brasil, através do Ministério da Igualdade Racial, divulgou nota avisando que irá notificar o governo da Espanha e os dirigentes da La Liga, solicitando providências contra o racismo.

O que se vê dentro e fora dos estádios é a prevalência de uma cultura violenta que suplanta a cultura esportiva, em tudo avessa à violência.

Há poucos meses, um torcedor com uma criança no colo chegou a invadir o campo para participar de uma confusão, no Rio Grande do Sul. Trata-se de um problema de fora das quatro linhas, que macula a prática esportiva e afeta a paixão pelo futebol.

Medidas restritivas aos baderneiros e vândalos podem e devem ser tomadas, como já ocorreu, tanto aqui como em outros países. Dirigentes de clubes e de federações não podem mais fechar os olhos à questão, estendendo os limites à violência para as manifestações de preconceito, como no campeonato espanhol.

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