Pobreza no Nordeste escancara desigualdade

A maioria da população nordestina é de pobres, preocupados com a refeição do dia, a escola e a saúde dos filhos

JC
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Publicado em 27/05/2023 às 0:00

Mais de 10 milhões de brasileiros deixaram a pobreza no ano passado, com a recuperação do mercado de trabalho após a retração da pandemia, e a injeção de recursos pelo governo federal, graças ao Auxílio Brasil. Estudo do Instituto Jones dos Santos Neves, vinculado ao governo do Espírito Santo, revela que o número de estados do país com mais da metade da população na faixa da pobreza caiu de 14, em 2021, para 9 – todos nas regiões Norte e Nordeste. As informações analisadas saíram da pesquisa PNAD Contínua, do IBGE, que inclui os benefícios sociais na renda, além do rendimento pelo trabalho.
Ainda assim, um terço da população se encontrava na pobreza em 2022, após chegar perto de 40% em 2021. O contingente de pobres caiu de mais de 81 milhões para quase 71 milhões de pessoas no país inteiro. Ao lado da Paraíba, de Alagoas, do Ceará, do Maranhão, do Piauí e da Bahia, Pernambuco é um dos estados que possuem mais da metade dos cidadãos em situação de pobreza. Completam a lista dos mais pobres o Amazonas e o Acre. De acordo com o levantamento, mais de 53% dos pernambucanos estavam na faixa de menor poder aquisitivo – e pior qualidade de vida – no ano passado. Um desafio e tanto para Raquel Lyra e Priscila Krause, que assumiram o Palácio do Campo das Princesas em janeiro, entre outras expectativas, com a missão de reduzir a abissal desigualdade em nosso estado.
A dimensão da pobreza nordestina, que supera metade das populações em sete estados, denuncia a permanência da desigualdade num Brasil de contrastes e abismos. Retirante do Nordeste, o presidente da República tem o poder para governar para quem mais precisa. E diminuir a distância social e econômica manifesta em diferença regional. A maioria da população nordestina, presidente Lula, não está precisando de carro – mesmo que se anuncie um programa de isenção de impostos, beneficiando a indústria automobilística, sob a alcunha de carro popular. A maioria da população nordestina é de pobres, preocupados com a refeição do dia, a escola e a saúde dos filhos, a falta de transporte coletivo decente, a insegurança e a moradia precária, muitas vezes em áreas de risco.
Enquanto isso, no Sul e no Distrito Federal, a pobreza fica abaixo de 20%. Na unidade mais populosa da federação, São Paulo, o índice recuou de 24% para 20%, apesar da visível deterioração na ocupação das ruas por miseráveis na capital paulista. Vale destacar que a linha de pobreza estipulada no estudo tem por referência valores do Banco Mundial, o que significa, para os brasileiros, uma renda per capita de cerca de R$ 665, e a extrema pobreza em R$ 208 por indivíduo. Para os pesquisadores, a tendência é que a pobreza siga sendo reduzida, com o Bolsa Família no lugar do Auxílio Brasil.
Para o povo do Nordeste, no entanto, há necessidade de políticas públicas diferenciadas, visando a superação da pobreza e da miséria, a melhoria da infraestrutura, a abertura de oportunidades e o impulso ao desenvolvimento. O nordestino quer vida nova – e não, carro novo.

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