Desta vez não é o ensino em tempo integral, nem bons exemplos que precisam ser espalhados. A rede pública de ensino fundamental no estado sobressai na lista dos 10 piores do país em obras paralisadas ou sem conclusão. O ranking é do Ministério da Educação, e foi entregue anteontem ao Tribunal de Contas da União (TCU), para o Pacto Nacional de Retomada de Obras da Educação Básica. No conjunto, há 55 creches e pré-escolas, 32 unidades de ensino fundamental e 54 novas quadras ou coberturas de quadras, que deveriam estar prontas para o uso da população, em 85 municípios pernambucanos.
O legado que vem do governo anterior, de Paulo Câmara, dá uma ideia do déficit estrutural na educação em Pernambuco. E traz para a atual gestão do Campo das Princesas a responsabilidade de correr atrás do atraso, com o apoio do governo federal e seu programa de retomada das obras. Em todo o território nacional, são quase 3.600 obras para serem destravadas. Com 159 obras para terminar, Pernambuco está em oitavo na lista que tem o Maranhão no topo, com mais de 600, seguido pelo Pará, Bahia e Ceará. O discurso do ministro Camilo Santana é o de não paralisar mais, nem atrasar os pagamentos, atuando com o TCU pela reativação das obras, o mais cedo possível.
De acordo com o presidente do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas, é possível agilizar a retomada dessas obras a partir da uniformização de procedimentos e de um padrão de entendimentos, medidas que serão buscadas por um comitê específico no TCU, em sintonias com os tribunais de contas estaduais. Mas a fiscalização dos critérios de seleção para a execução, bem como da aplicação dos recursos, não deve ser prejudicada. Num país de tantos malfeitos, desvios e superfaturamentos, os órgãos de controle não podem deixar de cumprir o papel que lhes cabe.
A conclusão de cada obra deverá ser efetuada em até dois anos, na perspectiva do Pacto de Retomada para a educação básica. Os repasses financeiros serão reajustados como base no Índice Nacional do Custo da Construção (INCC), o que facilita a continuidade. Os estados têm a possibilidade de aportar recursos em obras municipais, e também há espaço para que a União participe, além do FNDE, nos casos em que a degradação do que foi construído exija uma obra por cima da outra. A iniciativa do MEC é essencial para, em primeiro lugar, reconhecer a dimensão da defasagem de obras na educação brasileira. Em seguida, para oferecer dados que servem tanto para a fiscalização das obras daqui por diante, pelos tribunais de contas, quanto para a pressão das populações locais, em relação a promessas antigas, não cumpridas – muitas até esquecidas.
Para o novo governo estadual, que se aproxima do primeiro semestre de mandato, o destaque negativo das obras que não foram feitas lança luz sobre a face da falta de estrutura do nosso sistema público de ensino – e logo nos anos fundamentais, cruciais para o desenvolvimento infantil. À governadora Raquel Lyra cabe a responsabilidade de lidar com o problema, articulando os apoios possíveis, sem demora, com o objetivo não somente de entregar as obras. O importante, em se tratando de educação e infância, é ver a oportunidade criada, e a consequência coletiva no horizonte das pessoas, com as obras enfim realizadas.
Obras paradas são destaque na educação em Pernambuco
Com 159 obras para terminar, estamos em oitavo lugar na lista que tem o Maranhão no topo