A situação da educação em nosso estado traz um somatório de problemas estruturais, que demandam soluções emergenciais e outras, de longo prazo, para mostrarem resultados. O novo governo do Palácio do Campo das Princesas tem sentido os impactos do acúmulo de queixas que vêm de anos de má gestão e falta de investimentos, apesar da boa imagem de algumas escolas, e do exemplo que o ensino em tempo integral pernambucano dá para o país, desde sua implantação, em 2004. Há queixas de professores, dos alunos e de suas famílias, de profissionais que participam do ambiente escolar. Muito precisa ser feito, nos próximos anos, a fim de retirar a educação dos pernambucanos da estagnação, melhorando o aprendizado dos estudantes e oferecendo oportunidades de amadurecimento individual e desenvolvimento coletivo.
O lançamento de um programa abrangente voltado para a educação pode ser, ao fim do mandato, um dos principais avanços da gestão de Raquel Lyra. Porque o quadro atual é desafiador. Para se provar “o maior investimento da história”, o Juntos Pela Educação precisa andar com rapidez, e alcançar efeitos práticos sem demora. A disposição da governadora e da vice, Priscila Krause, para cuidar do assunto com a prioridade que merece, é um alento. Nada é mais relevante para o futuro de Pernambuco. E poucas demandas são tão urgentes.
A aplicação dos R$ 5,5 bilhões prometidos para os próximos quatro anos deve ser cobrada pela sociedade. Especialmente pela comunidade escolar. Da qualificação da infraestrutura até o apoio para a implantação do modelo de tempo integral nas escolas municipais, não falta o que se fazer. Hoje. Com atraso penoso para a população. Cuja responsabilidade recai sobre a atual administração estadual, a partir do momento em que assume o poder – sobretudo com o mote da mudança, não apenas do governo, mas da transformação social e econômica há anos esperada.
A estagnação pode ser medida em números, num cenário cuja estabilidade representa inegável decadência. Entre 2018 e 2022, o percentual de habitantes acima de 15 anos que não sabe ler e escrever continuou sendo de 11% no estado. Os dados são do IBGE: no ano passado, 833 mil pessoas acima de 15 anos eram analfabetas em Pernambuco. A região Nordeste concentra as maiores taxas de analfabetismo do Brasil, com destaque para o Piauí, Alagoas e a Paraíba. A escolarização em Pernambuco também sofreu queda nesse período, ao invés de melhorar. Nitidamente, algo deixou de ser feito para buscar a correção de rumos e a recuperação do estado da indigência educacional.
Na média nacional, o analfabetismo recuou. O que torna ainda mais vexatória a posição pernambucana. No Juntos Pela Educação, há previsão de abertura de 1.800 turmas de alfabetização, e 34 mil vagas adicionais para a educação de jovens e adultos (EJA). O diagnóstico é sabidamente ruim, a direção é conhecida e os investimentos foram anunciados. Resta ao novo governo se debruçar sobre a tarefa acumulada, para o bem de todos os excluídos, e sobretudo das novas gerações de cidadãos pernambucanos.
Tarefa acumulada na educação em Pernambuco
Nada é mais relevante para o futuro de Pernambuco. E poucas demandas são tão urgentes